Uma semana depois, moradores percebem mais danos em prédio que desabou parcialmente na Maraponga
Segundo eles, as rachaduras aumentaram e o terreno cedeu mais; Prefeitura ajuizará ação para resolver a demolição da estrutura
No dia 1º de junho, moradores e vizinhos do edifício Benedito Cunha, no bairro Maraponga, presenciaram o rompimento das colunas de sustentação do prédio, que desabou parcialmente logo em seguida. Neste sábado, uma semana após o desastre, quem mora próximo ao imóvel percebe que a estrutura está cada vez mais danificada e pode ruir a qualquer momento, comprometendo a segurança das edificações do entorno.
O microempresário Aluísio Almeida, morador da área que está acolhendo quatro condôminos do edifício em sua própria casa, nota que as rachaduras aumentaram. “Estamos vendo que ele está cedendo e queremos saber o que as autoridades vão fazer. Não há engenheiro que recupere um prédio desse. Ou demole logo, ou vai ser um efeito dominó. Depois que acontecer isso, é que vão fazer a demolição?”, questiona.
Diana Duarte, moradora da casa vizinha ao prédio, que também está interditada, teme que a chuva amoleça ainda mais a estrutura e que o desabamento possa destruir sua residência, onde a mãe dela, de 84 anos, criou sete filhos. “Agradecemos a quem aparece com doações, mas todo mundo quer sua casa. A gente quer nosso lar de volta, a vida normal que a gente tinha antigamente”, emociona-se, lembrando que a idosa fica bastante preocupada.
Todas as 16 famílias que moravam no local ficaram desalojadas. Outras 15 casas do entorno do edifício tiveram suas estruturas danificadas e também foram evacuadas. Conforme a Defesa Civil do Município, a Prefeitura de Fortaleza está elaborando uma ação que será ajuizada na próxima segunda-feira (10), contra o proprietário do edifício, para que ele resolva a questão da demolição do prédio. O órgão cobra a medida desde a última segunda-feira (3).
Além disso, a Polícia Civil do Ceará instaurou um inquérito policial para investigar o desabamento parcial do prédio. Até o momento, dez boletins de ocorrência foram registrados no 19º Distrito Policial, no bairro Conjunto Esperança.
Próximas medidas
Gerônimo de Abreu, advogado que representa os proprietários do imóvel, informou que já foram feitos acordos com metade dos moradores dos apartamentos e das redondezas. Até a próxima quarta-feira (12), pretende-se firmar negociação com todos os impactados. Sobre a situação da estrutura do prédio, o advogado afirmou que está em contato com a Defesa Civil de Fortaleza e com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) para discutir a melhor forma de realizar a demolição.
Após o desabamento parcial do prédio, moradores contabilizaram prejuízos com itens como carros, motos, móveis, vestuário e sapatos. Alguns condôminos foram acolhidos nas casas de parentes, mas outros contam com a solidariedade de amigos e colegas para ter onde dormir.
Confira a cronologia dos acontecimentos:
21/05 - engenheiros civis realizam vistoria técnica no prédio
24/05 - Defesa Civil realiza vistoria técnica no edifício
26/05 - Defesa Civil retorna para nova inspeção e orienta moradores a procurarem um engenheiro
30/05 - laudo técnico é emitido pelos engenheiros civis e não constata risco estrutural iminente
1º/6 - prédio desaba parcialmente por volta das 17h
02/06 - cachorro e dois pássaros são resgatados pelo Corpo de Bombeiros
03/06 - Defesa Civil recomenda demolição; primeiro boletim de ocorrência é registrado no 19º DP; Crea-CE cria comissão para acompanhar o caso; proprietário diz que vai indenizar moradores
04/06 - sobe para 15 o número de casas interditadas no entorno; antes, eram 12
07/06 - Tribunal de Justiça do Ceará bloqueia os bens dos proprietários do imóvel