Aos 13 anos, cearense é a paciente mais nova a passar por 'autotransplante' de medula óssea na rede
Iasmin Souza da Silva lutava contra um linfoma de Hodgkin desde 2015, quando tinha nove anos. A doença é um tipo de câncer que ataca o sistema linfático. O procedimento foi realizado com sucesso este mês
Iasmin Souza da Silva escreveu em uma carta "muito obrigada a todos por fazer desses momentos difíceis, momentos alegres de descontração, sou muito grata a todos por toda dedicação que tiveram comigo". Palavras de uma menina de 13 anos que se tornou a paciente mais nova a passar por um "autotransplante" de medula óssea, na rede pública do Ceará, para se curar de um linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que ataca o sistema linfático do paciente.
A família espera que esse tenha sido o ponto final de uma batalha que iniciou em 2015. "Ao mesmo tempo, sinto uma calma por saber que minha filha está com saúde e esperança de vida novamente. Eu só tenho a agradecer a toda a equipe que cuidou da Iasmin com tanto carinho", completa Vânia Souza, mãe da menina.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), o transplante era a única alternativa para salvar a vida da garota. E conforme o hematologista Fernando Barroso, ela já havia sido submetida a várias sessões de quimioterapia, que não apresentavam mais o resultado esperado. "Em algumas situações, como neste caso, o transplante é indispensável porque o organismo já não respondia à quimioterapia", completa o chefe da hematologia e do transplante de medula óssea do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).
Autotransplante
A adolescente passou por um processo conhecido como "transplante autólogo" ou "autotransplante", procedimento que consiste em remover células da própria paciente e depois refundi-las ao organismo novamente.
"Você coleta o material, as células, e depois, em um momento ideal, elas são refundidas, após uma quimioterapia bastante agressiva. Essas células vão se transformar em células normais. Por exemplo leucemia é diferente. Como a medula está doente, a gente precisa de uma célula sadia de outra pessoa", complementa Fernando, coordenador do Centro de Processamento de Células do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce).
De acordo com a Sesa, são cerca de 40 profissionais de saúde envolvidos no transplante. Fernando ainda explica que o trabalho em equipe é essencial para o sucesso do procedimento. "Nossos esforços em conjunto, tanto do Hemoce, como da equipe de transplante do HUWC, foram fundamentais para realizar o primeiro procedimento em uma paciente dessa idade. Esse foi o primeiro caso (de transplante em adolescente) da nossa equipe e teve ótimos resultados", finaliza Fernando Barroso.
Recuperação
Na carta escrita para agradecer os cuidados que recebeu, Iasmin dedica: "em meu nome, da minha família, de amigos e até desconhecidos, agradeço aos médicos, técnicos e enfermeiros, que lutaram, oraram, sofreram e por fim, por causa de vocês, hoje podem sorrir comigo, celebrando a vida", dedica.
O transplante aconteceu no dia 1º de março, e no último dia 14, Iasmin saiu do hospital para casa - após passar um mês internada, devido ao período pré-operatório. "Ela não está sentindo febre nem dores. Só sente cansaço no corpo que é normal porque ela tem muitas medicações a tomar ainda", revela Vânia.
Nos últimos dez anos, houve 427 transplantes de medula óssea, sendo 329 autólogos, 78 alogênicos aparentados, 14 alogênicos não aparentados e 6 haploidêntico no Ceará, por meio dessa parceria.