Mais de 1.500 presos escaparam de uma prisão de alta segurança em Maputo, capital de Moçambique, na África. Durante a fuga, os detentos entraram em confronto com a polícia, que resultou em 33 mortes e 15 feridos, segundo afirmou o chefe da polícia nacional, Bernardino Rafael, à AFP. O caso aconteceu nessa quarta-feira (25).
No total, foram 1.534 fugas da Cadeia Central de Maputo, localizada a 15 quilômetros da capital. Segundo a corporação, 150 foragidos foram recapturados, mas muitos permanecem com o paradeiro desconhecido.
De acordo com o chefe de polícia, a fuga começou quando grupos de manifestantes se aproximaram da penitenciária e "criaram uma confusão". O tumulto levou a confrontos com a força de segurança dentro da instalação, onde os presos quebraram uma parede pela qual escaparam.
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O distúrbio ocorreu em meio a uma série de protestos que abalam o País desde a vitória eleitoral do partido governista, que é descrita como "fraudulenta" por opositores.
O movimento começou na segunda-feira (23), quando o Conselho Constitucional de Moçambique confirmou a eleição do candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Daniel Chapo, à Presidência com 65% dos votos. A instituição atribuiu 24% dos votos ao principal adversário dele, Venâncio Mondlane (PODEMOS).
O opositor denuncia um processo eleitoral fraudulento, e antes da decisão do Conselho Constitucional, já havia advertido que atribuir a vitória à Frelimo poderia mergulhar o país no “caos”.
Insegurança nacional
Fora do campo político, a dúvida sobre o resultado das eleições provocou tumulto em vários pontos de Maputo. Desde a segunda (23), várias lojas foram saqueadas e ambulâncias incendiadas, disse um correspondente à AFP.
Ainda segundo à agência de notícias, na terça-feira (24), véspera de Natal, o governo informou à imprensa que 21 pessoas tinham morrido, entre elas dois policiais, desde a confirmação da vitória da Frelimo.
Nesse período também foram registrados 236 "atos de violência graves", que deixaram 25 feridos, 13 deles policiais, detalhou o ministro do Interior, Pascoal Ronda, em coletiva de imprensa. "Grupos de indivíduos com armas brancas e armas de fogo atacaram delegacias, centros de detenção e outras infraestruturas", reportou a autoridade.
Na quarta-feira, alguns manifestantes montaram mesas nas ruas para manter a área ocupada enquanto comemoravam o Natal com as famílias ou vizinhos nos bairros operários de Maputo.
À AFP, o chefe da polícia Bernardino Rafael disse temer um agravamento da insegurança nos próximos dias, diante da perspectiva de que os foragidos se unissem a grupos criminosos.