Joe Biden afirma que foco dos EUA no Afeganistão é retirar americanos e aliados
Presidente classificou a missão de retirada como "perigosa" e disse não prometer resultado final
O presidente norte-americano, Joe Biden, informou, nesta sexta-feira (20), que a prioridade dos Estados Unidos no Afeganistão neste momento é a retirada dos cidadãos e aliados locais do país, buscando garantir a segurança deles em meio à tomada do poder pelo Talibã. As informações são do portal G1.
"Não se enganem, esta missão de retirada é perigosa. Não posso prometer qual será o resultado final, mas, como comandante-em-chefe, posso garantir que vou mobilizar todos os recursos necessários", afirmou.
De acordo com o presidente, os EUA fizeram "progresso significativo" nos últimos dias. A segurança do aeroporto de Cabul, capital afegã, pode contribuir para a retirada.
"Aos afegãos que serviram conosco, que foram a combate conosco, como intérpretes e tradutores, peço que aguardem, vocês têm o comprometimento dos EUA", asseverou Biden.
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Ainda conforme o mandatário, 204 jornalistas foram retirados de solo afegão pelo governo estadunidense nesta semana. Apesar de não saber "o número exato" de americanos que estão lá, Biden diz que o número de pessoas que estão ajudando a sair do país aumentou.
Uma autoridade da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse, nesta sexta, que mais de 18 mil pessoas foram retiradas de avião de Cabul desde que o Talibã tomou a capital afegã. A Otan prometeu ainda dobrar os esforços para retirada de mais pessoas do Afeganistão.
Acordo com Talibã
Joe Biden, em diversos momentos, pontuou a existência de acordo com grupo extremista, o qual garante que estadunidenses não serão atacados. O presidente ressaltou que os EUA deixaram "claro" que haverá resposta de força no caso de qualquer ofensiva.
"Vamos olhar qualquer ameaça de terrorismo, inclusive das pessoas afiliadas ao Estado Islâmico que saíram das prisões recentemente — no Afeganistão, o Estado Islâmico é inimigo declarado do Talibã", ressaltou.
Cooperação
A Otan pediu que o Talibã permita retirada de afegãos que desejam sair do país, prometendo que os aliados manterão "estreita cooperação" durante a operação.
Os ministros das Relações Exteriores da Aliança Atlântica realizaram uma reunião de emergência para análise da situação no Afeganistão e dos planos de retirada de pessoas.
"Pedimos a quem estiver na posição de autoridade no Afeganistão para respeitar e facilitar a marcha ordenada e segura, também através do aeroporto internacional Hamid Karzai de Cabul", solicitaram os 30 ministros da Otan em comunicado conjunto. "Enquanto a operação de retirada continuar, manteremos nossa estreita coordenação operacional com os meios aliados", complementaram.
Descrença em mudanças
O presidente norte-americano, em entrevista à rede ABC nessa quinta (19), manifestou descrença sobre a mudança do Talibã em torno de suas crenças fundamentais. Quando indagado se achava que o Talibã mudou, ele respondeu de modo sintético: "Não".
Posteriormente, ele acrescentou a necessidade de pressão econômica e diplomática — e não força militar — para garantia dos direitos das mulheres.
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Joe Biden indicou que o grupo extremista precisa decidir se quer reconhecimento pela comunidade internacional. "Acho que eles estão passando por uma espécie de crise existencial: será que eles querem ser reconhecidos pela comunidade internacional como um governo legítimo? Não tenho certeza se querem", disse, incluindo que o grupo parece mais comprometido com suas próprias crenças.
Para o mandatário dos EUA, o movimento islâmico tem de mostrar se consegue cuidar do povo afegão. "Eles também se importam se eles têm alimento para comer, se têm uma renda que... possa impulsionar uma economia, eles se importam se conseguem ou não manter unida a sociedade com que dizem se importar tanto", considerou Biden na entrevista, gravada na quarta (18). "Não estou contando com nada disso".