Investigadores chegam à residência de presidente afastado da Coreia do Sul para prendê-lo: 'Lutarei até o fim'
Líder conservador ignorou três vezes a convocação para prestar depoimento no caso de insurreição por decretar a lei marcial
Investigadores chegaram à residência do presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, no centro de Seul, para prendê-lo nesta quinta-feira (2). Um grupo de apoiadores se reuniu do lado de fora para tentar protegê-lo. A ação também contou com grande força policial.
O tribunal sul-coreano havia aprovado o pedido para emitir a ordem contra o líder conservador após ele ter ignorado três vezes a convocação para prestar depoimento no caso de insurreição por decretar a lei marcial.
Yoon Suk Yeol disse a apoiadores em carta divulgada nesta quinta (2) que vai "lutar até o fim" após a Justiça do país aprovar um mandado de prisão contra ele.
"Lutarei até o fim para proteger esse país junto de vocês. Estou assistindo tudo ao vivo e vejo o trabalho duro que vocês estão fazendo", escreveu ele.
O chefe do Departamento de Investigação de Corrupção, Oh Dong-woon, disse que a ordem seria executada "dentro do prazo", que termina na próxima segunda-feira (6). "Queremos um processo calmo, sem grandes perturbações, mas também estamos nos coordenando para mobilizar a polícia e o pessoal", disse.
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Os serviços de segurança do presidente não cooperaram com as investigações. A equipe jurídica de Yoon garantiu que a ordem de prisão é "ilegal e inválida" e entrou com recurso exigindo sua anulação.
Essa é a primeira vez na história da Coreia do Sul que um presidente no exercício do cargo, mesmo suspenso de suas funções, é alvo de uma ordem de prisão.
Crise política
O líder conservador também enfrenta acusações criminais por insurreição, um crime que, na Coreia do Sul, pode ser punido com prisão perpétua ou pena de morte.
Yoon mergulhou o país em uma grave crise política ao declarar, de forma surpreendente, uma lei marcial na noite de 3 de dezembro e enviar o exército à Assembleia Nacional para impor sua implementação.
No entanto, com milhares de manifestantes nas ruas, os deputados da oposição conseguiram entrar no plenário e usar sua maioria para votar contra a lei, obrigando o presidente a recuar.
Em um relatório de dez páginas ao qual a AFP teve acesso, os investigadores afirmam que Yoon autorizou os militares a dispararem, se necessário, para tomar a Assembleia Nacional durante a aplicação da lei marcial.
O advogado do presidente, Yoon Kab-keun, afirmou que este relatório é "um relato parcial que não corresponde nem às circunstâncias objetivas nem ao senso comum".
Por enquanto, a polícia destacou efetivos adicionais nos arredores da residência de Yoon, no centro de Seul, onde, durante a noite, ocorreram confrontos entre apoiadores e críticos do presidente.