Donald Trump preso? Entenda por que político pode ser primeiro ex-presidente dos EUA indiciado
Republicano pode chegar a ser detido e algemado, o que seria um cenário sem precedentes
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que pode ser preso nesta terça-feira (21), devido a acusações de que teria pago US$ 130 mil (cerca de R$ 680,8 mil) em suborno à estrela de filmes pornográficos Stormy Daniels, em 2016, para que ela mantivesse segredo sobre a relação entre os dois. Caso se confirme, ele se tornará o primeiro antigo mandatário do País a ser indiciado criminalmente.
Em sua defesa, o antigo chefe do Executivo norte-americano afirma que é alvo de uma "caça às bruxas", que visaria prejudicar sua pré-campanha para tentar uma nova candidatura à Presidência americana em 2024.
Veja também
Ele convocou apoiadores, mas, somente alguns simpatizantes se manifestaram, nesta segunda-feira (20), diante do tribunal de Manhattan, onde um grande júri analisa a investigação realizada pelo promotor distrital Alvin Bragg, que pode transformá-lo no primeiro ex-presidente dos Estados Unidos acusado de um delito penal.
Trump pode chegar a ser preso e algemado, o que é um cenário sem precedentes para o qual a polícia de Nova York se prepara com barricadas em torno do gabinete do promotor e da Trump Tower, na Quinta Avenida.
Apesar de o político anunciar que pode ser detido nesta semana, ainda não se sabe quando haverá uma decisão do júri e um anúncio do juiz.
Veja também
"Estamos operando com vazamentos, estamos operando com informação limitada, mas está claro que eles veem o presidente Donald Trump como uma ameaça", declarou o presidente da juventude republicana de Nova York, Gavin Wax, que convocou o protesto.
Diante do tribunal, também protestaram detratores do ex-presidente republicano, como Bob Fertek, um nova-iorquino que considera Trump uma "fraude" e gostaria de vê-lo no banco dos réus.
Por que Trump pode ser preso?
O caso da atriz pornô Stormy Daniels é juridicamente complexo. Stephanie Clifford, o verdadeiro nome de Daniels, recebeu US$ 130 mil de Trump semanas antes das eleições de 2016, quando ele foi eleito. A promotoria garante que a intenção do magnata era comprar o silêncio da atriz sobre uma suposta relação extraconjugal.
A Justiça de Nova York tenta esclarecer se Trump é culpado de falso testemunho, uma infração, ou de violar a lei sobre financiamento eleitoral, um delito penal.
Na semana passada, a investigação se acelerou. Michael Cohen, ex-advogado e agora arqui-inimigo do republicano, responsável por entregar o dinheiro a Daniels, prestou depoimento perante um grande júri, cujo veredicto pode levar a uma acusação. Daniels, no que lhe concerne, está cooperando com os promotores.
Trump também foi encorajado a testemunhar para esse grande júri. Segundo um de seus advogados, o magnata está considerando fazê-lo.
"Os promotores quase nunca convidam o alvo da investigação a depor ante o grande júri a menos que tenham a intenção de acusá-lo", explicou à AFP o ex-promotor e professor de direito Bennett Gershman.
Segundo o seu colega Renato Mariotti, é provável que, no caso de um indiciamento, Trump, que vive em própria mansão de Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida, compareça voluntariamente ao tribunal de Manhattan.
No domingo (19), vários nomes importantes do Partido Republicano manifestaram apoio a Trump, em particular o ex-vice-presidente dele, Mike Pence, que rompeu com o magnata em 2021 e com quem poderia competir nas primárias pela indicação da legenda às eleições de 2024.
Apoiadores prometem caos
Uma advogada do ex-presidente, chamada Alina Habba, alertou no domingo, na emissora CNN, que, "se [os democratas] decidirem culpar Trump por uma infração que, na verdade, ele não cometeu, vão criar um caos".
As autoridades locais temem uma repetição do ataque ao Capitólio, sede do Congresso em Washington, em 6 de janeiro de 2021, quando o antigo mandatário incitou apoiadores a ignorar os resultados das urnas, que deram a vitória ao democrata Joe Biden, e a impedir a posse.
Nas redes sociais, os trumpistas prometem impedir o indiciamento do político, em especial o grupo "The Donald", que pede uma "greve nacional" ou até mesmo uma "guerra civil 2.0", conforme os portais Rolling Stone e Daily Beast.