Entenda o que são puérperas e por que o grupo é prioridade para vacinação contra Covid-19

Grávidas podem ser vacinadas em qualquer período da gestação e puérperas não devem interromper amamentação

Escrito por Redação ,
mulher branca amamentando seu filho
Legenda: Ministério da Saúde incluiu puérperas e grávidas no grupo prioritário da vacinação contra Covid-19
Foto: Foto: Shutterstock

Nesta terça-feira (27), o Ministério da Saúde incluiu puérperas, com até 45 dias pós-parto, e grávidas no grupo prioritário da vacinação contra Covid-19. O grupo também está na primeira fase da campanha imunização contra a gripe deste ano, que ocorre desde o início de abril. 

O puerpério constitui o período após o nascimento do bebê, de 43 a 45 dias após o parto. Segundo a obstetra Gabriela Sacramento, formada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)  e Maternidade Escola da Universidade Federal do Ceará (UFC), o organismo da mulher passa por intensas modificações durante o período. 

"A gestação traz modificações durante todos esses meses ao organismo materno. Então, não é porque o bebê nasceu, que o organismo automaticamente volta ao normal", explica a médica. 

Aos pontos, o organismo vai voltando a seu 'estado inicial'. "O  útero diminui de tamanho, volta a seu estado original; as mamas focam na lactação, na produção do leite e os líquidos voltam à quantidade normal, porque a gravidez um acumulador de líquidos", afirma Gabriela sobre as mudanças. 

Grupo prioritário

As puérperas estão no grupo prioritário de diversas vacinas. A obstetra Gabriela Sacramento explica que gestantes e mulheres no puerpério têm um deficit imunológico, o que justifica a prioridade. 

"A grávida precisa ter uma adaptação do sistema imunológico para ela não gerar anticorpos contra o bebê. E justamente para poder baixar os anticorpos contra o bebê, também acaba baixando os anticorpos contra outras doenças", aponta Sacramento. 

A obstetra afirma que a queda de anticorpos favorece a quadro mais graves de infecções, como a da Covid-19. No Ceará, até o final de março, dados da Secretaria da Saúde (Sesa) apontam que 42% das gestantes e 58% das mulheres que testaram positivo para a Covid no pós-parto faleceram em decorrência da doença.

Mesmo que os testes clínicos em grávidas e puérperas ainda não tenham sido concluídos, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação dessas mulheres. 

Gabriela afirma que os riscos da Covid-19 podem ser piores que os eventuais riscos dos imunizantes. "Os estudos mesmo vão ser concluídos após um ano de vida dos bebês, mas em animais tudo indica que será positiva a resposta", afirma.

"As vacinas vêm sendo amplamente testadas nos grupos prioritários fora do Brasil. E o que a gente espera é que a gestante e a lactante, junto com seu obstetra, tome a decisão segura", ressalta a obstetra.

Amamentação

O ministério também orienta é que a imunização aconteça independentemente do tempo de gestação, e nos casos das puérperas, que a amamentação não seja interrompida.

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Gabriela lembra ainda que há estudos que indicam sobre a passagem de anticorpos contra o coronavírus para os bebês, por meio da placenta ou do leite materno, no caso de mães que foram infectadas. "Com a vacinação, também espera que esses anticorpos sejam transmitidos", diz a especialista.

Dessa forma, a médica ressalta: "É muito importante para as puérperas lactantes se vacinarem e não interromperem de jeito nenhum a amamentação".

Vacinação contra Covid-19 do grupo 

A vacinação das gestantes e puérperas deve ocorrer em conjunto com a vacinação de pessoas com comorbidades e pessoas com deficiência permanente, segundo o Ministério da Saúde.

A campanha desse grupo deve acontecer em duas fases. Na primeira, devem ser vacinadas gestantes e puérperas com comorbidades, independentemente da idade. Já a segunda inclui o restante das gestantes, independentemente de condições preexistentes.

As pessoas com comorbidades devem comprovar a situação através de exames, relatórios ou receitas médicas, esclarece a pasta. A estimativa é que existam hoje cerca de 3 milhões de gestantes e puérperas no país.

Ainda segundo a pasta, é necessário respeitar o intervalo de no mínimo 14 dias entre a aplicação da vacina da gripe e outras indicadas a gestantes e a administração da vacina da Covid-19.

Na fase 1, deverão ser vacinadas:

• pessoas com Síndrome de Down, independentemente da idade;
• pessoas com doença renal crônica em terapia de substituição renal (diálise), independentemente da idade;
• gestantes e puérperas com comorbidades, independentemente da idade;
• pessoas com comorbidades de 55 a 59 anos;
• pessoas com deficiência permanente cadastradas no Programa de Benefício de Prestação Continuada (BPC) de 55 a 59 anos;

Já a fase 2, deve levar em consideração dos mais velhos para os mais novos (de 50 a 54 anos, 45 a 49 anos, 40 a 44 anos, 30 a 39 anos e 18 a 29 anos):

• pessoas com comorbidades;
• pessoas com deficiência permanente cadastradas no BPC;
• gestantes e puérperas, independentemente de condições préexistentes.

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