Vereador é denunciado pelo Ministério Público por torturar, ameaçar e ferir ex-companheira no Ceará
O laudo pericial constatou que a vítima tinha ferimentos em diversas partes do corpo

O vereador Maiko de Morais Costa, o 'Maiko do Chapéu', do MDB, foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por ameaçar e violentar a ex-namorada. A reportagem teve acesso a documentos do caso e, conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), a vítima foi agredida na casa do político e conseguiu fugir do local ao pular nua, de uma janela e se refugiar na vizinha.
A denúncia do MP aponta que, conforme o inquérito policial, o crime aconteceu no dia 18 de dezembro de 2024. Maiko foi denunciado no 4 de fevereiro de 2025 pelos crimes de tortura, lesão corporal de natureza grave, ameaça e violência doméstica (Lei Maria da Penha).
A reportagem entrou em contato com o vereador em exercício na cidade de Várzea Alegre, Interior do Estado, e com o partido, mas não teve resposta até a publicação desta matéria.
[ATUALIZAÇÃO - 12/02/2025, às 9h08] Após a publicação da reportagem, a defesa do vereador, representada pelo advogado Luiz Ricardo de Moraes Costa, emitiu nota em que sustenta que "a inocência do Sr. Maiko de Morais Costa será provada no decorrer da instrução probatória através de provas documentais, periciais e testemunhais, as quais serão oportunamente requeridas e produzidas". Leia a nota da defesa na íntegra ao final da matéria.
O laudo pericial constatou que a vítima tinha ferimentos no braço, nos joelhos, na mandíbula, no pé e queimadura de primeiro grau próximo a um dos seios. Acusado e vítima (identidade preservada), tinham mantido relacionamento por quase um ano, e estavam separados quando o crime aconteceu.
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CELULAR ARREMESSADO E ENFORCAMENTO
Segundo o documento obtido pela reportagem, o parlamentar chamou a ex para mostrar o diploma de vereador dele, "ocasião em que comprou bebidas alcoólicas para comemorarem. Após a comemoração, a vítima adormeceu". Quando a mulher acordou, flagrou o político mexendo no celular dela, tendo ele questionado se ela tinha saído com outro homem.
"A vítima respondeu que não estava mais envolvida com o acusado. Foi então que o acusado arremessou o celular da vítima no chão e desferiu um tapa em seu rosto. O acusado conduziu a vítima até o quarto, onde continuou as agressões, enforcando-a, segurando seus punhos e arremessando-a na cama por diversas vezes com a finalidade de obter declarações da vítima sobre eventual relacionamento paralelo. Após essas agressões, o acusado saiu do quarto, momento em que a vítima conseguiu fugir, dirigindo-se para a frente da casa de sua genitora. Durante o trajeto, o acusado passou a persegui-la. O acusado, então, pediu para que a vítima retornasse à casa, prometendo que não lhe faria mais mal. Acreditando em sua palavra, a vítima decidiu voltar"
Conforme ainda a denúncia, as agressões continuaram. O acusado teria pegado uma faca e dito: "hoje você não vai morrer, mas vou tirar a minha própria vida aqui na sua casa para você levar a culpa para o resto da sua vida”. A vítima, então, pediu para que ele não cometesse tal ato".
Já no banheiro da casa e ainda com a faca em mãos, Maiko teria exigido que a vítima se ajoelhasse e em seguida rasgado a camisa e a calcinha da mulher. Despida, a mulher teria sido filmada e o acusado teria afirmado, "que registraria o motivo pelo qual a mataria e, em seguida, tiraria a própria vida".
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"QUAL DEVO CORTAR PRIMEIRO?"
Segundo a acusação, o vereador passava a faca nos seios da mulher, "perguntando qual deles deveria cortar primeiro, repetindo o mesmo questionamento em relação aos seus pés, impingindo-lhe sofrimento".
"Em seguida, o acusado apontou a faca para o pescoço da vítima e disse: 'eu lhe dou três segundos para você me convencer de não fazer isso'. Ele passou a bater a faca no chão, até que a quebrou. Nesse momento, a vítima pegou a lâmina que havia se quebrado e a arremessou pela janela do banheiro. O acusado, então, afirmou: 'Tem nada não, vou pegar uma maior'"
A vítima ainda chegou a ser queimada com uma 'bituca' de cigarro. Enquanto ela tentava fugir, conseguiu se trancar em um dos banheiros e em seguida pulou uma janela. Já na casa da vizinha, foi coberta com um lençol e conseguiu se refugiar.
O MP pediu à Justiça que aceitasse a denúncia, tornando 'Maiko do Chapéu' réu no processo e destacou que para este caso não cabe Acordo de Não Persecução Penal.
NOTA DA DEFESA NA ÍNTEGRA
"O Advogado Luiz Ricardo de Moraes Costa, vem, mui respeitosamente, prestar os seguintes esclarecimentos relativamente a algumas matérias publicadas em veículos de imprensa, nas quais citam o nome do seu cliente vereador Maiko de Morais Costa.
Nas aludidas matérias o vereador Maiko de Morais Costa foi apontado como tendo sido denunciado pelo Ministério Público do Estado do Ceará pela suposta prática dos delitos de lesão corporal, tortura e ameaça.
Inicialmente a defesa técnica do Sr. Maiko lamenta a ocorrência de vazamentos seletivos de peças de um processo que tramita em segredo de justiça. Devendo as autoridades competentes apurar a origem desses vazamentos e punir os responsáveis.
Sobre o teor da acusação cumpre esclarecer que o Sr. Maiko irá realizar a sua defesa, no memento oportuno, dentro dos autos do processo que tramita em segredo de justiça.
A inocência do Sr. Maiko de Morais Costa será provada no decorrer da instrução probatória através de provas documentais, periciais e testemunhais, as quais serão oportunamente requeridas e produzidas.
Por fim, o Sr. Maiko de Morais Costa confia na justiça e irá provar a sua inocência nos autos do processo.
Ante o exposto, requer que essa nota seja publicada em sua inteireza nos veículos de comunicação em que a matéria foi veiculada."