Venezuelana que estava sob regime análogo à escravidão será auxiliada em Fortaleza

Ela será acolhida por família que pagará um salário mínimo e fornecer alimentação e moradia, segundo organização filantrópica.

Escrito por Redação ,

A venezuelana de 19 anos que passou três meses trabalhando em regime similar à escravidão na casa de uma professora será levada para Fortaleza, onde será acolhida por uma nova família. Ela vai trabalhar como empregada doméstica, recebendo um salário mínimo, alimentação e moradia, depois de fugir de uma casa onde era mantida em cárcere privado, em Juazeiro do Norte. 

As informações são da Organização Humanitária Fraternidade Sem Fronteiras, projeto social que auxilia imigrantes da Venezuela a se restabelecerem no Brasil. A instituição relata que não sabe o que deu errado no caso da vítima. Ela saiu de Boa Vista, capital de Roraima, com destino a Russas ao lado de outra conterrânea. Não se sabe como ela acabou na casa da professora que a manteve em situação análoga à escravidão. "Após mais de 180 casos bem sucedidos com o projeto, em mais de 15 estados brasileiros, o que se vê é um fato isolado.  A Fraternidade Sem Fronteiras, em auxílio ao Ministério Público do Estado do Ceará, está prestando todo o auxílio para o esclarecimento e apoio para que haja um novo acolhimento da venezuelana", colocou a instituição.

Fuga

A jovem conseguiu fugir do local onde trabalhava e pedir ajuda ao Ministério Público, em Juazeiro do Norte. A suspeita de mantê-la sob cárcere privado, obrigando-a a fazer os serviços da casa, é uma professora da cidade, que foi presa e encaminhada à Cadeia Pública de Juazeiro do Norte. 

Segundo a promotora Juliana Mota, a vítima estava há três meses naquela situação e não tinha acesso à alimentação da casa e nem a itens de higiene. "Os documentos dela foram retidos pela pessoa. Ela ficava na casa e cuidava também de uma chácara. Ela só tinha alimentação no almoço e no jantar e comia as frutas que tinha na chácara. Ela já tinha pedido para ir embora algumas vezes, mas sempre sofria ameaças", relata. 

O nome da suspeita não foi divulgado para não atrapalhar as investigações. Segundo a promotora, se for julgada, ela pode ter pena de quatro a 16 anos de prisão. A venezuelana será levada a um abrigo onde terá assistência, até que seja levada para Rio Branco, no Acre, ou à sua cidade natal, na Venezuela. 

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