Saiba quem é a chefe de facção acusada de triplo homicídio no CE, que tentou fugir com um 'kit rajada'
Investigações policiais apontam que a mulher herdou a função de chefia após a morte do marido
Uma mulher que chefia uma facção criminosa em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), acusada de ser a mandante de um triplo homicídio: Carlane da Silva Oliveira Alves, conhecida como 'Morena', de 35 anos, foi presa na última segunda-feira (24).
A suspeita, que já era procurada há meses em Horizonte, foi localizada e teve um mandado de prisão preventiva cumprido pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE), no Distrito de Croatá, no Município de São Gonçalo do Amarante, também na RMF.
Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, ao perceber a chegada dos policiais civis na residência onde ela estava escondida, 'Morena' pulou o muro e tentou fugir pela rua de trás, mas foi alcançada pelos investigadores e detida.
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Durante a tentativa de fuga, ela se desfez de uma bolsa, que continha uma pistola calibre 9mm, de fabricação croata, com um dispositivo conhecido como "kit rajada", que, ao ser acoplado na arma, permite disparos automáticos; além de dois carregadores, 64 munições e um aparelho celular.
Carlane Alves acabou também sendo detida em flagrante por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. O 4º Núcleo Regional de Custódia e de Inquérito (Caucaia), da Justiça Estadual, já converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva, "com fundamento na ordem pública e ante o risco concreto de reiteração delitiva", explicou o juiz.
Em interrogatório na Delegacia, Carlane contou que comprou a arma por cerca de R$ 5 mil (sendo R$ 3 mil o valor de um aparelho de som e R$ 2 mil em espécie) para se defender das pessoas que mataram seu marido, no ano passado.
Participação na facção criminosa
Um relatório da Delegacia Metropolitana de Horizonte, da Polícia Civil, aponta Carlane da Silva Oliveira Alves como uma liderança de uma facção criminosa de origem carioca no Município de Horizonte, função que ela herdou após a morte do marido, em 2022.
Uma investigação daquela Delegacia sobre os assassinatos de Girvagno Oliveira Silva, Jerbson Oliveira da Silva e Jardel Maciel Pereira, ocorridos na noite de 21 de fevereiro deste ano, chegou a Carlane como mandante do crime.
Antes de 'Morena', Francisco Douglas da Silva Nogueira e Ingrid Ferreira da Silva já haviam sido presos pelo crime. O trio já foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por três homicídios duplamente qualificados (por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de associação criminosa. A 1ª Vara da Comarca de Horizonte recebeu a denúncia, e os acusados viraram réus.
Vítima morta por engano
Segundo as investigações da Polícia Civil, os irmãos Girvagno e Jerbson da Silva eram os alvos da ação criminosa, enquanto Jardel Pereira, "ao que tudo indica, foi atingido em razão do excesso de violência empregada na ação".
Os irmãos foram surpreendidos e mortos a tiros por quatro pessoas (que seriam os três acusados e um homem ainda não identificado), no momento em que eles saíam de uma festa de Carnaval, junto das suas companheiras. Jardel passava próximo e também foi alvejado.
A Polícia não descobriu a motivação da ação criminosa, mas a principal linha de investigação é que tenha relação com a disputa entre facções criminosas pelo domínio do tráfico de drogas de Horizonte.
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A defesa de Carlane da Silva Oliveira Alves ressaltou, no processo criminal, que a cliente está grávida e tem outros três filhos menores de idade. "No Inquérito Policial, a autoridade policial quer a todo custo imputar a autoria e materialidade do crime de homicídio a requerente, sem haver qualquer testemunha ocular atribuindo o crime a requerente, não existe qualquer pessoa nos autos que ateste com a plena certeza de que se tratava da requerente a autora ou mandante do crime a ela imputado", alegou.
A defesa de Francisco Douglas da Silva Nogueira alegou à Justiça que o cliente é réu primário, possui residência fixa e ofício lícito e definido (vendedor de automóveis). E corroborou que "a autoridade policial nesse inquérito pecou de forma grosseira, imputou a autoria e materialidade do crime de homicídio baseado em imagens de câmeras de segurança de baixa resolução, baseado ainda em ângulos em que não demonstram com precisão ser o requerente o autor do crime imputado".
Já a defesa de Ingrid Ferreira da Silva não foi localizada nem se manifestou no processo. Ao ser interrogada pela Polícia, a mulher negou participação no triplo homicídio.