Preso em shopping de Fortaleza fornecia drogas para várias facções no CE e enviava até para a Europa

As investigações da Draco apontam que o homem comandava o envio de cocaína da Bolívia para o Ceará e movimentava milhões de reais

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Os investigadores apreenderam uma pistola calibre 380, com 11 munições, na residência onde o suspeito morava
Legenda: Os investigadores apreenderam uma pistola calibre 380, com 11 munições, na residência onde o suspeito morava
Foto: Messias Borges

Um homem transita sozinho por um shopping de Fortaleza, vestido com um short e uma camiseta, às 16h de uma quinta-feira. Para na praça de alimentação, para comer. Em seguida, ele é abordado por pessoas à paisana e recebe voz de prisão, sem causar alvoroço. Uma ação discreta da Polícia Civil do Ceará (PCCE) resultou na prisão de um dos principais fornecedores de drogas das facções criminosas que atuam no Estado, que enviava entorpecentes até para a Europa.

A procura da polícia cearense por Diego Belchior de Carvalho, de 35 anos, que começou em junho de 2023, quando foi expedido um mandado de prisão pela Justiça Estadual contra ele, terminou no dia 31 de outubro último, em um shopping localizado no bairro Edson Queiroz.

Na sequência da ação policial, os investigadores apreenderam uma pistola calibre 380, com 11 munições, na residência onde o suspeito morava, no bairro Passaré, também na Capital - motivo pelo qual ele foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. A prisão preventiva já foi decretada pela Justiça.

Diego Belchior chegou a ser considerado uma liderança da facção Comando Vermelho (CV) no Ceará. Entretanto, segundo o titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), delegado Alisson Gomes, o preso virou "um dos principais abastecedores de drogas, mas não só dessa organização criminosa de origem carioca, como de todas as outras".

Ele se afeiçoava melhor com grupo criminoso carioca com atuação aqui no nosso Estado, mas de tamanho a sua envergadura e participação no tráfico internacional, ele acabava por abastecer as outras organizações criminosas. Uma prisão que se reveste de importância, porque tira de circulação um homem responsável por trazer diversos tipos de entorpecentes para o nosso Estado, e nós sabemos que esses entorpecentes são a principal causa das guerras promovidas pelos grupos criminosos que atuam no nosso Estado."
Alisson Gomes
Delegado da Polícia Civil do Ceará

As investigações da Draco apontam que Belchior comandava o envio de cocaína da Bolívia para o Ceará e movimentava milhões de reais. Parte da droga tinha como destino o mercado interno cearense, enquanto a outra parte era exportada. A Polícia Civil ainda investiga a quantidade de droga enviada para o Estado e o valor obtido pelo suspeito.

O suspeito fazia muitas viagens e mudava de endereço com frequência, para coordenar o esquema de tráfico internacional de drogas mais de perto e, ao mesmo tempo, para continuar a se esconder da Polícia. 

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Histórico criminoso

A Polícia Civil detalhou que o suspeito preso começou a atuar na facção carioca Comando Vermelho nos bairros Serviluz e Vicente Pinzón, em Fortaleza. Em 2016, ele foi preso próximo a um viaduto do bairro Papicu, junto com um comparsa, na posse de 36 kg de cocaína.

Depois de ser solto, Diego Belchior saiu do radar da Polícia e cresceu na facção. Em 2021, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) contra uma quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas, que tinha como base o Estado de Rondônia. Um dos principais destinos dos entorpecentes era o Ceará.

"À época, sete remessas de drogas foram apreendidas totalizando cerca de uma tonelada de cocaína. O dinheiro da droga era recebido de forma dissimulada em contas bancárias de interpostas pessoas e empresas, sendo que estas recebiam aproximadamente 3% do valor movimentado", destacou a PCCE.

No ano passado, Diego Belchior de Carvalho apareceu em outra investigação da Polícia Civil: ele é investigado por participar da articulação de um roubo de 11 carros de uma loja de veículos no bairro Guararapes, ocorrido no mês de fevereiro. A investigação do caso aponta que o crime foi motivado por uma dívida relacionada ao tráfico internacional de drogas.

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