“Ninguém mais vai me massacrar”, declara mulher resgatada de cárcere privado em Araripe
“Se for preciso chamar a polícia 500 vezes, eu vou chamar”, complementa a doméstica resgatada após escrever um bilhete de ‘socorro’ em um papel de cigarro
A empregada doméstica resgatada de cárcere privado em Araripe, interior do Ceará, conseguiu escapar do companheiro depois de escrever um bilhete de 'socorro' em um pedaço de papel rasgado de uma carteira de cigarros. O bilhete foi entregue a uma criança que brincava perto do local. “Se for preciso chamar a polícia 500 vezes, eu vou chamar, mas ninguém mais vai me massacrar”, afirmou a mulher resgatada.
O companheiro dela foi preso após uma abordagem da Polícia.
A vítima era mantida presa, na última sexta-feira (16), contra a própria vontade, em uma creche, onde o companheiro dela trabalhava como vigia. Em determinado momento, a doméstica conseguiu rasgar o pedaço de papel de uma carteira de cigarro, pegou um lápis do pedreiro que trabalhava na obra e escreveu “polícia por favor urgente”. A mulher revelou que viu quando uma criança que brincava de bicicleta no local pediu: “entrega para um adulto”.
De acordo com a ela, o companheiro a forçava a ficar na creche porque era bastante ciumento. A mulher revelou que tem fibromialgia, uma doença que provoca dores no corpo durante longos períodos, principalmente nas articulações, nos músculos e tendões. Por conta do nervosismo causado pelo cárcere, a doméstica não conseguia se alimentar e beber água, além de ter fumado duas carteiras de cigarro.
A vítima e o agressor chegaram na creche no começo da manhã da sexta-feira. Antes, eles já haviam discutido em casa, por ciúmes, quando ele deu um chute na perna dela, causando uma luxação na vítima. Com os gritos de dor da doméstica, o agressor tapou a boca da mulher e ordenou que ela ficasse calada.
Não há informações de quem acionou a Polícia após a criança achar o bilhete. Os policiais chegaram ao local no fim da tarde para averiguar a denúncia. "Ele viu a Polícia passando e se apavorou. A Polícia perguntou em vários lugares, até que resolveu ir lá na creche. O policial perguntou se tava acontecendo alguma coisa, ele disse que não, aí eu disse: ‘tá, tá sim’”, informou a vítima.
“O policial já puxou o tablado e entrou, fez uma vistoria, perguntou se ele tinha arma. Falei que não, ele não usa arma, não bebe, não fuma, o único problema é que eu tava lá dentro com ele contra a minha vontade porque ele não queria que eu fosse pra rua porque tudo ele desconfiava”, complementou a doméstica.
O agressor e a vítima foram encaminhados à Delegacia Regional de Policia Civil de Crato.
“Eu tô aqui pra pedir medida protetiva pra mim e pra minha filha, que ele me ameaça que vai me matar. Se eu sair de casa ele vai atrás de mim, vai me matar; se eu sair de casa por causa de alguém ele vai me matar. Tudo dele era [ameaçar] matar”, informou a mulher resgatada.