Justiça marca data do primeiro júri de acusado por 14 mortes na Chacina das Cajazeiras; saiba quando será o julgamento

Ednardo dos Santos é acusado de ser um dos mandantes do crime e membro da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE)

Escrito por
Emanoela Campelo de Melo emanoela.campelo@svm.com.br
chacinacajazeiras
Legenda: A chacina foi motivada pela guerra entre facções criminosas
Foto: Cid Barbosa

O primeiro júri relacionado ao processo da Chacina das Cajazeiras tem data para acontecer. De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o Juízo da 2ª Vara do Júri de Fortaleza designou que Ednardo dos Santos Lima, o 'Aço', um dos denunciados como mandante das 14 mortes, sente no banco dos réus no próximo dia 13 de março de 2025.

O julgamento está marcado para iniciar às 8h30, no Fórum Clóvis Beviláqua, na capital cearense. O processo acerca do caso foi desmembrado. A reportagem entrou em contato com a defesa de Ednardo, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

A Chacina das Cajazeiras completa sete anos no próximo dia 27 de janeiro. Conforme investigação da Polícia Civil do Ceará (PCCE) e denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), o crime foi motivado por uma disputa entre facções criminosas rivais: "aqui é tudo três", gritaram os criminosos ao invadir o Forró do Gago, efetuando disparos de arma de fogo, indiscriminadamente".

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SOBRE O PROCESSO

Na ação principal constam nove réus, todos eles pronunciados, mas ainda não há data para o julgamento do grupo. Outros três homens acusados de participar do crime foram impronunciados nos últimos anos.

Além de Ednardo, devem ir a júri popular pelo massacre ocorrido em 2018: Noé de Paula Moreira, Misael de Paula Moreira, Fernando Alves de Santana, Ruan Dantas da Silva, Zaqueu Oliveira da Silva, Joel Anastacio de Freitas e Francisco Kelson Ferreira do Nascimento e Auricélio Sousa Freitas. Sobre estes, segue em andamento os recursos ingressados pelas defesas no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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A reportagem do Diário do Nordeste apurou que Ednardo foi pronunciado no dia 25 de julho de 2023. A defesa do réu apresentou recurso nos autos requerendo a impronúncia ou a absolvição. 

A 1ª Câmara Criminal do TJCE manteve, na íntegra e por unanimidade, a decisão de que Ednardo seja julgado por populares.

Sobre a participação de Ednardo no crime, o MP afirma que "restou evidenciado que o denunciado, em unidade de desígnios e em concurso com outras pessoas, igualmente denunciadas, atuou para consumar os intentos homicidas, na condição de mandante, bem como os crimes conexos, o que justifica a responsabilização com relação aos homicídios tentados e consumados".

Os réus também são acusados de tentar matar outras 14 vítimas, sobreviventes da chacina, e integrar a organização criminosa Guardiões do Estado (GDE).

"Segundo a Denúncia, a “Chacina” fora idealizada, concebida, planejada e autorizada por um grupo de pessoas integrantes de um Conselho da GDE, algumas dessas pessoas, denominadas de “sintonia final,” as quais exerciam importante papel na organização criminosa, dentro de uma espécie de “conselho deliberativo”, notadamente definindo e autorizando a execução de ações criminosas impactantes, cumpridas pelos denominados soldados da GDE"
MPCE

"Esclarece o Ministério Público que no âmbito da GDE (Guardiões do Estado), existe um Conselho Deliberativo, composto pelos líderes ou chefes (conselheiros), que exercem influência e/ou liderança em determinadas comunidades, que também são conhecidos e chamados de “sintonia final da quebrada”, os quais estão submetidos a pessoa que é conhecida como “sintonia final”, ou seja, a maior liderança da facção, repita-se, integrado pelos chefes/lideranças de determinadas comunidades, chamados de “sintonia final da quebrada”, definem e aprovam a execução das ações de maior impacto, que são executadas pelos soldados da GDE"
MPCE

QUEM SÃO OS IMPRONUNCIADOS

A Justiça do Ceará decidiu impronunciar Deijair de Souza Silva, Francisco de Assis Fernandes da Silva, conhecido como 'Barrinha', e João Paulo Félix Nogueira. 

Nos casos de Francisco de Assis e João Paulo, o próprio MPCE pediu que eles não fossem levados ao Tribunal Popular do Júri, alegando ausência de provas. Já Deijair, no posicionamento do órgão acusatório, deveria estar na lista dos pronunciados.

O juiz da 2ª Vara do Júri de Fortaleza entendeu diferente. O magistrado considerou a possibilidade de erro na identificação e que não há nenhum indício evidenciando que Deijair tenha assentido com a execução da matança, "muito menos que tenha dado “a ordem para a efetivação da chacina”, como conclui o Órgão ministerial".

A CHACINA

No dia 27 de janeiro de 2018, membros da GDE colocaram em ação um plano minuciosamente pensado para aterrorizar e mostrar aos rivais quem mandava no território.

O grupo de atiradores chegou ao Forró do Gago em, pelo menos, dois veículos. Eles estavam determinados a acabar com a festa e com vidas. O objetivo era atacar integrantes do Comando Vermelho (CV), facção que na época dominava o tráfico de drogas na região em volta da casa de shows.

11 das 14 vítimas sequer tinham antecedentes criminais.

RELEMBRE QUEM FORAM AS VÍTIMAS ASSASSINADAS:

  • Maíra Santos da Silva (15)
  • José Jefferson de Souza Ferreira (21)
  • Raquel Martins Neves (22)
  • Luana Ramos Silva (22)
  • Wesley Brendo Santos Nascimento (24)
  • Natanael Abreu da Silva (25)
  • Antônio Gilson Ribeiro Xavier (31)
  • Renata Nunes de Sousa (32)
  • Mariza Mara Nascimento da Silva (37)
  • Raimundo da Cunha Dias (48)
  • Antônio José Dias de Oliveira (55)
  • Maria Tatiana da Costa Ferreira (17)
  • Brenda Oliveira de Menezes (19)
  • Edneusa Pereira de Albuquerque (38) 

 

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