Integrantes de facção vão a julgamento por queimar vivo e matar suspeito de roubo em Fortaleza

O crime foi filmado e divulgado nas redes sociais, há mais de 6 anos

Escrito por Redação ,
O julgamento está marcado para 13h30, na 1ª Vara do Júri de Fortaleza
Legenda: O julgamento está marcado para 13h30, na 1ª Vara do Júri de Fortaleza
Foto: Kid Junior

Um homem estirado no chão, após sofrer socos, chutes, pedradas e pauladas, é queimado vivo e continua a ser agredido, até a morte. Dois acusados de participar desse crime bárbaro em Fortaleza, que foi filmado e divulgado nas redes sociais há mais de 6 anos, vão a julgamento nesta quarta-feira (6).

Francisco Gerlan Gomes de Oliveira e Hermerson Nunes Silva vão sentar no banco dos réus, no Tribunal do Júri, para serem julgados por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) contra José Everton de Sousa Carolino Filho e corrupção de menores (já que adolescentes também teriam participado do crime).

O julgamento está marcado para 13h30, na 1ª Vara do Júri de Fortaleza, e será conduzido pelo juiz Marcos Aurélio Marques Nogueira. O Ministério Público do Ceará (MPCE), responsável pela acusação, será representado pelo promotor de Justiça Marcus Renan Palácio. A defesa dos réus será feita pela Defensoria Pública Geral do Ceará.

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Como aconteceu o crime

As investigações policiais apontaram que o linchamento foi cometido por integrantes de uma facção criminosa de origem carioca, que controlava um território do bairro Pirambu e não aceitava a prática de roubos na região.

José Everton seria morador de uma região dominada por uma facção rival e teria cometido uma série de assaltos a moradores do Pirambu, junto de um comparsa, na noite de 18 de fevereiro de 2017. A organização criminosa acompanhou a dupla e derrubou Everton de uma motocicleta, na Rua Nossa Senhora das Graças, enquanto o outro homem fugiu.

O suposto assaltante ainda conseguiu se desvencilhar, mas foi atropelado por um carro, "momento em que as pessoas iniciaram as agressões, efetuando chutes, socos, pontapés e pauladas", segundo a denúncia do Ministério Público, assinada pela promotora de Justiça Joseana França Pinto.

Testemunhas apontaram a participação de Francisco Gerlan, Hemerson Nunes e pelo menos quatro adolescentes nas agressões, que terminaram na morte de José Everton. Em depoimento às autoridades, o primeiro réu negou participar do crime e disse que estava no local apenas observando; o segundo acusado também negou participação no crime, mas admitiu que filmou o linchamento com o seu aparelho celular.

A defesa de Gerlan afirmou, no processo, que o cliente acreditava "que este crime foi imputado a sua pessoa porque registra antecedentes criminais". "No caso em tela, deve ser investigado de maneira mais profunda, afinal ouvir falar não pode servir de base para manter alguém preso nem muito menos para levar alguém ao tribunal do júri", argumentou.

Já a defesa de Hermeson afirma que "o Ministério Público, ao fazer a individualização das condutas, revela apenas que durante todo o evento criminoso o réu encontrava-se filmando o fato ocorrido. Não existindo nenhum nexo entre o que de fato ocorreu, qual seja a gravação, e a conduta que lhe é imputada".

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