Instrução concluída: TJ deve decidir se garçom acusado de matar acompanhante após briga por preço de programa irá a júri

O Ministério Público denunciou o garçom Antônio Carlos Sousa Pereira pelo crime de 'feminicídio não íntimo'

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Legenda: O MP explicou que o acusado e a vítima não se conheciam e não tinham relação íntima, tratando assim de um "feminicídio não íntimo", porque a vítima ainda foi morta em decorrência de ser mulher.
Foto: Reprodução

Em menos de dois meses, a Justiça concluiu a fase de instrução do processo acerca da morte da jovem Bruna Gonçalves, de 30 anos. O garçom Antônio Carlos Sousa Pereira, 20, é acusado pelo crime, que teria sido motivado em razão de uma divergência no preço de um programa sexual, cobrado pela mulher. Agora, há expectativa do Judiciário decidir nos próximos dias se o garçom vai ou não a júri popular.

Bruna foi morta no fim de outubro de 2024, no bairro Varjota, em Fortaleza. Em 18 de dezembro do ano passado, o Ministério Público do Ceará (MPCE) apresentou alegações orais pedindo a manutenção da prisão do réu, a perícia no celular da vítima, exame de comparação entre o sangue encontrado na faca e o sangue coletado de Bruna, assim como a pronúncia, ou seja, que ele vá a julgamento no Tribunal do Júri.

Já a defesa de Antônio Carlos pediu a perícia no celular da vítima e que seja juntada aos autos. Na sessão, a juíza da 5ª Vara do Júri indeferiu o pedido de perícia na faca, "posto que não há dúvida que a faca descrita nos autos foi a mesma utilizada na prática do crime, conforme interrogatório do acusado e o relato dos policiais militares que a apreenderam".

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A defesa do acusado, representada pelo advogado Dayvid Martins Correia, mantém a tese de que o denunciado "não tem nenhum histórico de agressividade, nunca agrediu uma mulher em toda sua vida, tinha conhecido a jovem Bruna Gonçalves horas antes através de um site de acompanhantes de luxo, momentos depois a jovem chegou de Uber na casa do Sr. Antônio carlos".

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FEMINICÍDIO NÃO-ÍNTIMO

O Ministério Público denunciou o garçom pelo crime de 'feminicídio não íntimo'. Sobre a tipificação do crime, o MP explicou que o acusado e a vítima não se conheciam e não tinham relação íntima, tratando assim de um "feminicídio não íntimo", porque a vítima ainda foi morta em decorrência de ser mulher.

Segundo o suspeito, a jovem cobrava um valor de R$ 350 no site. Porém, depois do programa, ela teria cobrado R$ 400, o que deu início a uma discussão: "vítima estava em situação de prostituição, pois ofereceu seus serviços como profissional do sexo. Essa condição foi admitida pelo réu e atestada por outras evidências testemunhais e materiais colhidas nos autos. Nessa circunstâncias, existe uma situação objetiva de menosprezo a condição do sexo feminino", conforme trecho da denúncia do MPCE.

O MP denunciou o garçom no último dia 13 de novembro, e a acusação foi recebida por meio da juíza da 5ª Vara do Júri de Fortaleza, no mesmo dia. 

Um relatório do 2º Distrito Policial (Meireles), obtido pelo Diário do Nordeste, aponta que Bruna Gonçalves foi assassinada a facadas em um imóvel, em uma vila de casas, no bairro Mucuripe, na manhã do dia 26 de outubro de 2024. Moradores ouviram os gritos da vítima e acionaram a Polícia Militar do Ceará (PMCE).

Os policiais militares já encontraram a mulher morta, enquanto o suspeito tentava fugir. Antônio Carlos tinha sangue nos braços, no rosto e na roupa, quando foi detido pelos PMs no quintal de outra casa. "Fui eu", assumiu o suspeito, ao se entregar.

Antônio contou, ao ser interrogado no 2º DP, que marcou um encontro com a mulher por um site de acompanhantes e ela foi ao seu encontro. 

Ao voltar para casa, o garçom afirma que teria sido ameaçado de morte, por não ter dinheiro para pagar a jovem, conforme a versão do preso. Antônio Carlos disse em depoimento que "agiu por impulso e medo" para pegar uma faca e esfaquear a mulher várias vezes.

 

 

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