Ex-namorado é denunciado por feminicídio por matar jovem em saída de festa em Fortaleza
Um amigo dele foi acusado de favorecimento pessoal (por auxiliar o suspeito na fuga). A dupla se tornou ré na Justiça Estadual
O ex-namorado de Bárbara Hellen Costa de Almeida Bessa, morta aos 25 anos ao sair de uma festa em Fortaleza, em abril deste ano, foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por feminicídio. Um amigo dele foi acusado de favorecimento pessoal (por auxiliar o suspeito na fuga).
O MPCE pediu à Justiça, na denúncia apresentada no último dia 14 de junho, que Alef Maciel Lopes, conhecido como 'DJ', seja condenado por homicídio qualificado (por motivo torpe, mediante recurso que dificultou a defesa e por feminicídio). A pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão.
Já para Daniel José Sousa de Lima, o 'Macarrão', o Ministério Público pediu a condenação pelo crime de favorecimento pessoal, que tem pena prevista de 1 a 6 meses. A denúncia foi recebida pela 1ª Vara do Júri de Fortaleza e os acusados se tornaram réus na ação penal.
Conforme a denúncia, Alef Lopes, "utilizando-se de instrumento perfuro contundente (arma de fogo), agindo com vontade de matar, praticou crime de homicídio contra mulher, em contexto de violência doméstica e familiar (feminicídio)" contra Bárbara Bessa, na Rua Senador Alencar, no Centro de Fortaleza, na madrugada de 15 de abril deste ano. Após o crime, o suspeito fugiu e segue solto - dois meses e 13 dias depois do homicídio. Bárbara deixou três filhos.
Aapesar de ter acompanhado Alef no dia do crime, "não há evidências de ação ou omissão de Daniel na prática do feminicídio", para o MPCE. "Daniel se limitou a prestar auxílio no sentido de favorecer pessoalmente Alef, eis que Daniel escondeu o carro utilizado pelo acusado na prática do delito", justificou o Órgão.
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A defesa da dupla não foi localizada para comentar a acusação. Alef ainda não foi encontrado pela Polícia. Já Daniel afirmou, em depoimento ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), que foi à festa no Centro com o amigo, que o viu discutir com a ex-namorada e a mulher quebrar o carro de Alef, mas alegou que saiu do carro antes do amigo perseguir a jovem e matá-la.
Daniel também confessou que foi pegar o carro de 'DJ', a pedido de outro amigo, para guardar o automóvel, após o crime. Mas acrescentou que perdeu contato com o acusado de feminicídio, depois dos disparos fatais.
Acusado não aceitava separação
Ainda segundo a denúncia do MPCE, Alef Lopes foi até a festa para pedir por conciliação com Bárbara Bessa, pois ele não aceitava o término do relacionamento amoroso de um ano. O casal discutiu, a mulher quebrou o retrovisor e a placa do carro do ex-namorado, que a perseguiu com o veículo, desceu e a matou a tiros.
A investigação desenvolvida pelo DHPP apontou ainda que 'DJ' fazia ameaças de morte à ex-companheira, nas semanas anteriores ao crime, segundo o relato de testemunhas.
"A ação criminosa demonstra a motivação de natureza torpe, consistente no inconformismo pelo término do relacionamento. Não se trata de ciúmes, mas do ignóbil sentimento de posse, no qual o agente prefere matar a mulher a vê-la livre para decidir sobre a própria vida. O acusado utilizou recurso que dificultou a defesa da vítima, eis (que) foi surpreendida pela rápida aproximação de seu algoz em via pública. Expediente que se assemelha a emboscada, dado que a vítima não aguardava o ataque mortal", explicou o promotor de justiça Ythalo Frota Loureiro, na denúncia, sobre as qualificadoras do crime de homicídio.
O promotor Marcus Renan Palácio, que atua na 1ª Vara do Júri de Fortaleza e recebeu o processo, lamentou o crime: "Infelizmente, mais um caso de feminicídio em Fortaleza, o qual entrará para o deletério e indesejável quadro estatístico de delitos dessa natureza no Estado do Ceará. O Ministério Público estadual, porém, se associando com a dor da família dessa inditosa jovem, não permitirá a impunidade, pelo que promoverá todos os seus esforços objetivando empreender celeridade ao respectivo processo para, ao final, levar a júri os réus e obter suas respectivas condenações".