Várzea Alegre comemora São Raimundo Nonato

Escrito por Redação ,
Legenda: Depois que os fiéis rezam e renovam os votos na Igreja Matriz, as ruas da cidade são ocupadas com barracas de comidas típicas e shows
Foto: FOTO: HONÓRIO BARBOSA

Várzea Alegre. Fé, devoção e religiosidade popular mobilizam milhares de católicos desta cidade, na região Centro-Sul, em celebração ao padroeiro do município, São Raimundo Nonato. Neste ano são festejados 159 anos de tradição. A festa começou no último dia 21, com a condução do pau da bandeira em caminhada de 7 km, da comunidade de Boa Vista até a Igreja Matriz, onde aconteceu a celebração de abertura dos festejos religiosos, que prosseguem até o próximo dia 31.

A Paróquia de São Raimundo Nonato foi instalada há 151 anos, mas os festejos em honra ao santo começaram oito anos antes. Novenário, caminhadas pela madrugada, ofícios ao meio dia, missas e procissão fazem parte da festa.

O pau da bandeira chegou por volta das 19h, sob aplausos, que ficaram mais intensos logo que conseguiram erguê-lo na Praça da Matriz, puxado por cordas e escorado por forquilhas. Mais tarde houve a abertura do Barracão Cultural, que chega à 10ª edição homenageando Francisco de Sousa Sobrinho.

Desde o ano passado a paróquia fez questão de separar os ritos religiosos da programação social, promovida pela Prefeitura municipal. Os festejos populares, shows, apresentações culturais em praça pública estão mantidos, mas com a denominação de Festa de Agosto. Neste ano, os festejos têm como tema "Várzea Alegre, aqui mora a felicidade".

A devoção ao santo padroeiro é marcada por programação mista, com comemorações litúrgicas e de religiosidade popular, que reúnem o sagrado e o profano. Depois que os fiéis rezam e cantam na Igreja Matriz, fazem preces, promessas, agradecimentos e renovam votos, as ruas da cidade são ocupadas com barracas de comidas típicas e shows no Parque Cívico da Lagoa de São Raimundo Nonato.

A condução do tronco até a Igreja Matriz durou duas horas. O evento popular reuniu cerca de três mil católicos. Ao longo da estrada e das ruas o povo espera os condutores passarem e vão aderindo à caminhada, além de aplaudir os seguidores.

Acompanhada por um locutor que faz a animação, a multidão grita todo instante "Viva Várzea Alegre", "Viva São Raimundo Nonato", e canta o hino do padroeiro. Muitos correm para tocar no tronco, fazem pedidos e agradecimentos ao santo. A maioria é estimulada por ingestão de bebida alcoólica. O agricultor Francisco Bezerra disse que a devoção vem dos pais e avós. "Desde criança acompanho a festa", contou. A dona de casa Marlene Morais disse que já fez várias promessas e tem relatos de graças alcançadas.

Carros, motos e cavaleiros integram a romaria. À frente, homens com mais força revezam-se na condução do pau da bandeira. "Aroeira é pau pesado, mas a devoção é mais forte e vamos caminhando até a igreja", disse o agricultor Raimundo da Silva. "Há 40 anos que faço essa caminhada e participo das novenas sem faltar um dia".

Em frente à igreja, a multidão se concentra para acompanhar o momento em que o mastro é erguido com o esforço de cerca de cerca de 30 homens. O trabalho exige força e habilidade para amarrar as cordas nos pontos certos e erguer o pau com a Bandeira de São Raimundo Nonato, nas cores vermelha e branca.

Quando o tronco é erguido, a multidão grita com entusiasmo "viva" ao padroeiro e à cidade. Depois, muitos encostam a mão no tronco, fazem preces e agradecimentos. Outros tiram lascas para fazer chá, acreditando ser bom para curar doenças, como dores, reumatismo e diabetes. A aposentada Jeane dos Santos disse que há mais de 20 anos faz chá com pedacinhos do pau da bandeira e melhorou de dores no corpo. "Pode ser a fé, mas fiquei boa", contou.

Após a instalação do pau da bandeira, foi celebrada missa na Igreja Matriz. O novenário prossegue até o próximo dia 30, pois no dia 31 serão celebradas três missas e no fim da tarde haverá procissão com o andor com a imagem do santo padroeiro, assinalando o encerramento dos festejos religiosos.

A imagem do santo padroeiro esculpida em madeira é pequena, menos de 30 centímetros. "A fé do povo é enorme e cresce a cada ano", observa o animador de liturgia e vereador Elonmarcos Correia. Em muitos pontos, há trio elétrico regional, com sanfona e zabumba, batucadas com tamborins e apresentação de grupos folclóricos.

Nas novenas, os devotos fazem preces, agradecem graças alcançada e renovam pedidos. O agricultor Manuel Pereira, que há 30 anos participa dos festejos, contam que cumpre o pagamento de uma promessa. "Tenho que participar de todas as caminhadas e novenas", disse.

Honório Barbosa
Colaborador