Serra e história na rota do turismo

Maranguape. A viagem está muito de ser longe ou árdua. Para chegar à serra desta cidade, são 27 quilômetros da Capital. No entanto, descortina-se uma das mais belas paisagens e até mesmo de Fortaleza ao se percorrer mais três quilômetros para se chegar a uma altitude de 600 metros acima do nível do mar.

O esforço vale pela sensação de prazer e encantamento. A mata verde, ainda mais destacada pelas chuvas recentes, deixa passagem para o panorama de quase toda a capital, com a vista alcançando até as dunas de Aquiraz. É inegável tanta generosidade da natureza.

Apesar de todos esses atrativos, Maranguape tem grandes desafios para aproveitar os seus recursos para que a cidade entre na rota turística, não apenas do cearense, mas de todo viajante que quer conhecer o Estado além de suas praias.

O prefeito Átila Câmara afirma que as dificuldades se dão em dois sentidos. O primeiro pela falta de uma estrutura hoteleira. Um outro pela não inclusão do roteiro de serra nos pacotes de receptivos.

Teatro

Sem recursos, muitos equipamentos estão sucateados ou precários. A reforma do Teatro Municipal Dr. Pedro Gomes teve início em 2012 e, no momento, as obras estão paradas. No entanto, lembra que os serviços se iniciaram antes da sua gestão e não contava com um projeto arquitetônico. Somente na quinta-feira passada houve liberação de recursos pela Caixa Econômica Federal.

A Estrada do Gavião, que dá acesso à Pedra da Rajada, o ponto mais alto da serra, é um risco para os viajantes. A via, que já foi asfaltada, hoje encontra-se com as pedras da pavimentação se soltando. Porém, Átila disse que os recursos para pavimentação da via, da ordem de R$ 800 mil, já foram liberados por meio do governo federal.

Embora o município tenha na natureza seu maior magnetismo, reúne também história e edificações de grande relevância para a região e o Estado. A terra de Chico Anysio, um dos maiores humoristas brasileiros, falecido no Rio de janeiro, em 2012; e de Capistrano de Abreu, um dos primeiros grandes historiadores do Brasil, tem enfatizado, nos nomes de ruas, praças e edificações, os nomes de seus filhos mais ilustres.

Exemplo disso acontece na Rua Major Augustinho, conhecida como corredor cultural da cidade. É nessa via que acontecem os grandes eventos do Município, como a micareta e os desfiles de 6 e 7 de Setembro e também onde estão instalados a Casa de Capistrano de A breu, o Teatro e a Biblioteca municipais.

Para o prefeito, o turismo em Maranguape tem um componente muito importante que é o Chico Anysio e o que esse representa para a cidade. Por isso, na sua gestão, houve algumas iniciativas voltadas para situar o humorista no mapa das atrações da cidade. Além da Casa de Chico Anysio, com um acervo que já funcionou no prédio da Cadeia Pública, houve de Festival Nacional do Humor.

Ainda como parte do sítio arquitetônico, mantêm como referência importante o solar da família Correia e a Igreja da Matriz de Nossa Senhora da Penha. Chico Anysio é lembrado e reverenciado em diferentes setores da cidade, como a estátua em bronze, na Praça Castro Alves, e o museu de objetos pessoais, que estão reunidos na casa onde nasceu o artista.

Colônia

Também importante é o prédio da cadeia pública, construído no Século XIX, entre os anos de 1877 e 1879, e que foi desativada em 1980, por conta da instalação da Colônia Agrícola do Amanari e de presídios na cidade de Fortaleza e no município de Itaitinga, na Região Metropolitana. Por muitos anos, a edificação ficou abandonada e sem contar sequer com um projeto para sua utilização. Hoje, lá funciona o museu da cidade.

A casa de Capistrano de Abreu está sem reparos e fica fechada ao longo do período da tarde. "Acho que todo mundo faz o que pode, mas é evidente que poderia fazer mais se houvesse recursos", afirmou a estudante de jornalismo Dadinha Saturnino.

Potencial

"Acho que deveria se incentivar mais passeios porque Maranguape tem muitos atrativos para ampliar o turismo"

Ronilene Travassos

Vendedora

"Muita gente faz o que pode pelo Município. Mas muito poderia ser feito se contasse com recursos financeiros"

Dadinha Saturnino

Estudante