Produtores de leite miram no cooperativismo para alavancar setor

Um grupo das cidades de Quixeramobim e Senador Pompeu, no Sertão Central do Estado, apostou na compra coletiva de insumos e maquinários, gerando economia nos custos. A expectativa, agora, é aumentar a produção

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Legenda: Quixeramobim produz, em média, 200 mil litros diários. É a maior produção no Sertão Central
Foto: Honório Barbosa

Um grupo de 18 criadores de vaca leiteira das cidades de Quixeramobim e Senador Pompeu, no Sertão Central, apostou na união para impulsionar o setor, mesmo diante de um momento adverso devido à pandemia. Eles passaram a comprar insumos e equipamentos de forma coletiva, o que possibilitou o barateamento dos produtos. Em apenas uma das máquinas adquiridas - tanque de resfriamento -, a economia foi de 38%. Vendida por cerca de R$ 19 mil, custou R$ 12 mil com compra em quantidade.

Com resultados positivos, o grupo agora aposta em instituir, formalmente, uma cooperativa. O presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim e diretor da Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec), Cirilo Vidal, avaliou a iniciativa de forma positiva e destacou que "vai resultar no fortalecimento dos produtores associados".

O presidente da associação dos produtores de leite, Francisco Pinheiro, acredita que até o fim de março, a "Cooperativa Beira de Pista" já estará legalmente criada. "Estamos muito bem organizados. Os benefícios serão variados e todos terão poder de decisão igual". A iniciativa de formar a cooperativa vai receber apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Faec e haverá parceria com a Prefeitura de Quixeramobim e com a Assistência Técnica Gerencial (ATEG) do programa Agronordeste do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Fôlego

O produtor Renato Cosmo destaca que diante dos altos custos de produção, com insumos cada vez mais caros, "tem ficado impraticável manter a viabilidade da atividade sozinho. Sem união não temos como sobreviver".

Segundo dados do Sindicato Rural de Quixeramobim, em janeiro de 2020, a saca de milho de 50kg custava R$ 40, metade do preço que é vendida hoje. A saca de 50kg de soja passou de R$ 85 para R$ 160 e a saca de 50kg de torta de algodão subiu de R$ 45 para R$ 90. Todos esses são insumos utilizados na alimentação da vaca leiteira.

Os criadores associados se articulam para avançar no processo para que o grupo aproveite a produção que historicamente cresce no primeiro semestre. Os 18 produtores de Quixeramobim fazem uma média de 11 mil litros de leite por dia, mas no período chuvoso, quando há maior oferta de alimento para o gado por meio da pastagem nativa, a produção aumenta em 30%.

Francisco Olímpio é o maior produtor individual que integra o grupo. São produzidos diariamente cerca de 1.200 litros de leite, o dobro dos demais. Para ele, a medida em que o produtor economiza nos insumos e aquisição de maquinário, ele "pode investir na produção e expandir".

Mercado

No Ceará, a maior bacia leiteira concentra-se justamente no Sertão Central, com destaque para o município de Quixeramobim, que produz em média 200 mil litros diários. A expectativa é impulsionar essa produção, embora o Sindicato dos produtores não tenha divulgado a projeção.

A pecuária de leite no Ceará conseguiu acumular crescimento de quase 63% na produção entre os anos 2015 e 2019, passando de 489,3 milhões para 797,4 milhões de litros por ano, segundo dados divulgados pelo IBGE.