Livro retrata história da família Gomes

Escrito por Honório Barbosa - Colaborador ,
Legenda: O autor é integrante da família pesquisada e sempre mostrou curiosidade em conhecer a origem e tentar fazer a árvore genealógica de um ramo dos Gomes
Foto: Foto: Honório Barbosa

Iguatu O professor do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE), Bráulio Gomes de Lima, pesquisou a origem da família Gomes, com ramificações no Ceará. O estudo resultou na publicação do livro "A saga de uma família no Nordeste do Brasil: 200 anos da família Gomes", que apresenta quase 300 páginas em uma narrativa apaixonante e reveladora de aspectos de formação social do Interior cearense.

O autor é integrante da família pesquisada e sempre mostrou curiosidade em conhecer a origem e tentar fazer a árvore genealógica de um ramo dos Gomes, que vieram do Rio Grande do Norte, chegaram à Paraíba e depois ao Ceará durante o processo de colonização do Nordeste brasileiro. "Não tiveram sesmarias, nem aceitavam mando, 'esporas' dos donos das terras", destacou essa característica da família, como traço de personalidade peculiar. "Os descendentes saíram de Currais Velhos, Currais Novos e Catolé do Rocha".

A pesquisa sobre a origem da família Gomes foi feita em cartórios e igrejas. Uma das cidades pesquisadas foi Luís Gomes. O escritor levantou dados de que a partir de 1810 membros da família chegaram ao Ceará, espalhando-se em núcleos pelas cidades de Cedro, Lavras da Mangabeira, Icó, Várzea Alegre e, mais tarde, Iguatu.

Dois núcleos da família foram desenvolvidos nos sítios Saco da Telha e Matapasto, por meio de atividades produtivas de criação de gado e engenho de cana-de-açúcar. "A exploração agropecuária era extensiva, sem uso de tecnologia, segundo os condicionantes do ciclo do gado e do couro", disse Braúlio Gomes. "A nossa família sempre teve essa vocação para a lida com o gado, há muitos vaqueiros, ferreiros".

A ocupação pelos Gomes ocorreu em áreas abertas e a chegada seguiu rotas de Aracati, Icó e do Cariri, por meio de Crato. "Resistiram e enfrentaram os índios Kariris", contou. Outra descoberta é a participação de alguns membros no movimento do Cangaço, no bando de Lampião, e na revolta de Juazeiro do Norte.

Museu

No sítio Matapasto, na zona rural de Cedro, no limite com Lavras da Mangabeira, na região Centro-Sul do Ceará, está em formação o Museu do Vaqueiro do Nordeste, cuja instalação de várias peças ocorre em uma das casas antigas preservada da fazenda. "Há aceitação da família para manutenção do espaço como fonte de pesquisa histórica e cultural", disse Bráulio. "Será também uma casa digital e haverá uma biblioteca rural". A ideia é buscar apoio de uma universidade para catalogação, organização e manutenção do projeto.

Segundo o pesquisador, os Gomes radicados na região Norte do Ceará teriam uma origem comum. "O trabalho reconstitui núcleos do poder local, com a presença de um grande proprietário, um coronel, líder político, cercado por extensa parentela e por uma rede de poder", disse o ex-secretário de Cultura do Estado, Francisco José Pinheiro. "O autor mergulhou na história e revelou, ainda, as condicionantes de formação de partidos políticos no Império, na República Velha".

A família Gomes enfrentou, no processo de interiorização do Rio Grande do Norte e Ceará, enormes adversidades: seca, fome, doenças, migrações, conflitos indígenas, escravocratas, conspirações, revoluções, banditismo, beatismo e coronelismo. São aspectos que marcaram a história regional de povoação e fixação em terras sertanejas.

O livro foi lançado recentemente em Iguatu e em Fortaleza e haverá outras sessões de divulgação da obra literária. Essa é a segunda publicação do autor. A primeira foi sobre a flora do sertão, com o título "Caatinga, espécies lenhosas e herbáceas". A obra catalogou 256 espécies em uma área de 300 hectares, na região Centro-Sul do Ceará. Segundo o autor, restam apenas 40% do bioma Caatinga.

"Esses dois livros tiveram boa repercussão", comemorou. "Recebo pedidos de vários Estados brasileiros, querendo conhecer espécies de árvores do Semiárido e agora saber sobre a origem da família Gomes", contou. "Há integrantes em Matogrosso, Bahia, Amazonas, Pernambuco e outras regiões", disse.

Mais informações:

E-mail:braulioeafi@hotmail.com

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