Povos indígenas de Caucaia voltam a apresentar novos casos da Covid-19 após um mês
No Ceará, a Fepoince contabiliza 891 casos entre a população indígena e sete óbitos
Após um mês sem registros da Covid-19 entre os povos indígenas Anacé e Tapeba, em Caucaia, este grupo voltou a ter novos casos do coronavírus. Ao todo, foram quatro pessoas infectadas, segundo levantamento, entre os dias 21 e 28 de outubro, da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince). Em todo o Estado, já são 891 casos entre os povos indígenas, sendo que 853 (96%) já estão recuperados, e sete óbitos.
Apesar do leve aumento, a tendência no Ceará segue em baixa. Em comparação com a última semana, a Fepoince aponta queda de um caso, ao todo, em sete dias, foram 14 novos casos. A queda é significativa em relação ao início do mês: entre 7 e 14 de outubro, quando o acréscimo foi de 31 casos. Não houve nenhum novo óbito na última semana.
Além de Caucaia, foram confirmados novos casos nos municípios de Poranga, Crateús, Monsenhor Tabosa e Quiterianópolis. Nos municípios de Maracanaú, Pacatuba, Aquiraz, Aratuba, Itapipoca, Itarema, Acaraú, São Benedito, Boa Viagem, Tamboril, Canindé e Crato não há novas infecções pelo coronavírus, neste período analisado, entre 21 e 27 de outubro. Apenas dois municípios não registram casos da doença entre indígenas: Novo Oriente e Carnaubal.
Municípios com maior número de casos entre indígenas:
- Itaremema: 199
- Cratéus: 186
- Caucaia: 161
- Mosenhor Tabosa: 85
- Maracanaú: 83
A coordenadora da Fepoince, Ceiça Pitaguary, avalia que há uma queda, mas preocupa-se com os novos registros em locais que pareciam sob controle, como Caucaia.
“Avaliamos que isso se deu em decorrência do período eleitoral. Muitos candidatos nas ruas e isso acaba afetando a vida nas aldeias. Percebemos um alto índice de carreatas e passeatas, onde as pessoas e os próprios candidatos não usam máscara”, conta.
Apesar disso, a entidade ainda não se manifestou oficialmente e vai avaliar nas próximas semanas.
Outro fator, aponta a líder indígena, é que muitas pessoas, inclusive das aldeias, voltaram ao trabalho e isso pode ter sido responsável por novos registros em locais onde havia uma certa estabilidade. “Muitas pessoas foram chamadas a trabalhar, porque as atividades foram flexibilizadas. A gente percebe nas ruas, nos coletivos, que as pessoas estão vivendo como se nada tivesse acontecendo”, acredita Ceiça.
Divergência
Já a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) confirma 800 casos positivos com 768 pessoas recuperadas e 6 óbitos. A divergência acontece porque a Fepoince considera os casos de indígenas que vivem em áreas sem providências de processo demarcatório, como dos povos Karão-Jaguaribara, nos limites de Canindé e Aratuba; e Kariri, na localidade de Poço Dantas, no Crato.
Atualmente, o Distrito Sanitário Especial Indígena Ceará atende 26.974 indígenas em 17 municípios do Estado do Ceará e para isso conta com 24 Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena.
Já no levantamento da Fepoince, a população indígena do Ceará é formada por 36 mil pessoas de 15 povos, distribuídos em 20 municípios. São eles: Anacé, Gavião, Kanindé, Kariri, Tremembé, Tapeba, Jenipapo-Kanindé, Pitaguary, Kalabaça, Karão, Tapuia-Kariri, Tubiba-Tapuia, Potyguara, Tabajara e Tupinambá.