Inundação no Crato afetou 3.200 pessoas

A reconstrução do Canal do Rio Granjeiro precisará de R$ 100 milhões com apoio da União e do Estado

Crato. Este Município ainda contabiliza os prejuízos causados pelas enchentes na madrugada do dia 28 último. Um relatório preliminar dá conta de 3.200 pessoas afetadas pelas chuvas. Nove famílias que ficaram sem abrigo, com suas casas totalmente destruídas, foram encaminhadas para prédios públicos e casas alugadas pela administração municipal.

Segundo o Sistema Preliminar de Desastre, feito pela equipe da Defesa Civil no Município, ficaram desalojadas 111 pessoas. Calcula-se um prejuízo na cidade de mais de R$ 50 milhões. Para reconstruir o canal do Rio Granjeiro estima-se uma cifra de cerca de R$ 100 milhões, com recursos federais e do Estado.

Uma audiência com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, deve acontecer ainda esta semana, juntamente com parlamentares da região. O deputado federal, Arnon Bezerra, esteve ontem no Ministério, no intuito de marcar a reunião.
O prefeito do Crato, Samuel Araripe, na ocasião, irá apresentar projeto que promete uma solução definitiva para o local. A chuva de 162mm foi o suficiente para arrastar parte considerável do canal. Com o transbordamento, parte da cidade ficou inundada, principalmente no Centro, invadindo centenas de residências e casas comerciais.

Segundo os dados do relatório preliminar foram invadidas pelas águas 103 residências, cinco delas públicas, uma comunitária e dez ficaram totalmente destruídas. A precipitação pluviométrica registrada, segundo o relatório, esteve acima da média verificada pelo Município. E os prejuízos para os donos de casas e comerciantes são incontáveis na cidade. Alguns estão contabilizando as perdas.

Segundo a moradora Francisca Nancy, que mora em uma das áreas mais afetadas pelas chuvas, desde que nasceu, há 63 anos, a enchente registrada na cidade foi a maior que presenciou. "Nos anos 60 houve uma grande enchente, mas não igual ao que aconteceu agora. Perdi praticamente tudo", diz ela. A casa ficou tomada pela terra e a parte lateral foi arrancada pela força das águas. Já o morador Claro dos Santos, de 88 anos, e sozinho, já que é viúvo, sem filhos e o restante da família mora no Paraná, ficou com o seu imóvel comprometido e foi levado para um abrigo pelas equipes de apoio do Município.

Multidisciplinar

O trabalho de orientação das famílias das áreas de risco, retirada e acompanhamento dos familiares está sendo feito por dez equipes multidisciplinares. 200 cestas básicas estão no Corpo de Bombeiros e começarão a ser distribuídas para os moradores. Cerca de R$ 200 mil serão repassados de forma imediata pelo Governo do Estado para os Município de Crato e Juazeiro do Norte, que está com várias áreas afetadas.

Nesta cidade foram registradas 26 áreas de risco e uma delas ainda está totalmente alagada, na Rua Plácido Castelo, no Bairro Lagoa Seca. A área espera há vários anos o desenvolvimento de projeto de drenagem. No Crato, os R$ 100 mil serão utilizados na construção de residências para os desabrigados. O prefeito do Crato, para minimizar a situação, instituiu o aluguel social, no valor de R$ 120,00 para as famílias carentes afetadas.

Ontem pela manhã, o comércio da cidade começou a retornar as atividades normais, depois da retirada da lama. Mas há os que não estão tendo a mesma oportunidade, a exemplo do comerciante Cícero Almeida. Ele chegou a perder quase 100% dos seus produtos. Somente com o arroz que estava estocado houve perda de R$ 100 mil. Ele calcula cerca de R$ 300 mil de prejuízos. "Não sei o que vou fazer agora, porque tudo que tinha para trabalhar estava no comércio", afirma. Todos os equipamentos de sua loja ficaram destruídos.

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, um dos mais antigos do interior do Estado, ficou com os seus equipamentos destruídos. Segundo um os integrantes da diretoria, Zilcélio Alves, a história do sindicato foi perdida. A tentativa de recuperar as fichas dos filiados e recuperar uma história de conquistas e benefícios para assistência aos trabalhadores, de acordo com o sindicalista, está sendo feita.

Um carro, uma moto, consultórios odontológico e médico, computadores, aparelhos de fax, geladeira, fogão, dentre outros equipamentos do sindicato ficaram boiando. A situação foi pior, por haver ao lado uma oficina mecânica, que sujou com óleo os equipamentos e as paredes da sede sindical. Mais homens foram contratados, cerca de 200, pela administração para realizar a limpeza na cidade.

Recursos

200 mil reais é o valor médio que será repassado imediatamente pelo Governo do Estado para os Municípios de Crato e Juazeiro do Norte para apoio no trabalho junto às vítimas das enchentes.

MAIS INFORMAÇÕES

Secretaria de Ação Social ou Prefeitura Municipal do Crato
(88) 3521. 9600; Secretaria de Infraestrutura, telefone: (88) 3521.9400

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER