Índice médio de vacinação de populações quilombolas no Ceará é de 95%

Resultado é considerado excelente para o Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Consems)

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Vacinação de quilombolas
Legenda: Os quilombolas estão entre os grupos prioritários constantes desde o início da campanha nacional de imunização
Foto: Divulgação

Seis meses depois do início da imunização dos quilombolas, o índice médio de população vacinada é de 95% - incluindo dose única, primeira e segunda doses. Os dados são do mapa de distribuição e aplicação de vacinas por municípios da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

Os dados revelam ainda que cinco cidades, no Ceará, não alcançaram 80% da meta definida para segunda dose e 17 municípios conseguiram imunizar 100% ou mais do público alvo.  

Os quilombolas estão entre os grupos prioritários constantes desde o início da campanha nacional de imunização.

O bom número alcançado é resultado do avanço da vacinação contra a Covid-19, o que resulta na queda do número de casos e de pessoas internadas.

15 mil quilombolas em 86 comunidades

De acordo com a Coordenação Estadual dos Quilombolas no Ceará (Cequirce), há cerca de 15 mil quilombolas em 86 comunidades rurais no Estado. Já o número de cidades com a presença de população quilombola é de 44, segundo a Sesa, totalizando 14.781 pessoas.

Vacinação de quilombolas
Legenda: Cinco cidades, no Ceará, não alcançaram 80% da meta definida para segunda dose e 17 municípios conseguiram imunizar 100% ou mais do público alvo
Foto: Divulgação

Desse total, 17 cidades registraram índices de vacinação igual ou superior a 100%. São elas: Acarape; Altaneira; Aracati; Crateús; Croatá; Ipueiras; Iracema; Milhã; Novo Oriente; Ocara; Parambu; Porteiras; Quixadá; Solonópole; Tauá; Tururu e Uruburetama.

Os dados da Sesa mostram que cinco cidades tiveram índices de vacinação inferiores a 80% de segunda dose, por ordem alfabética: Coreaú (69,2%); Cruz (66,6%); Jardim (74,7%); Pacajus (57,8%); Russas (51,9%).  

A cidade de Russas, no Vale do Jaguaribe, foi a que menos aplicou segunda dose para o povo quilombola (51,9%). Em primeira dose alcançou um índice de 88,7%.

Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza, foi a segunda cidade que menos aplicou segunda dose para o povo quilombola (57,8%), enquanto a imunização de primeira dose chegou a 91,4% para um público total estimado em 432 pessoas.  

Cruz, na região Norte, aparece em terceiro lugar, embora tenha uma meta reduzida de apenas 39 pessoas. O índice alcançado pelo município foi de 66,6%, segundo a Sesa.

O quarto município que obteve menor índice vacinal foi Jardim, no Cariri cearense, que imunizou 74,7% com segundo dose. A meta é de 257 pessoas. Em quinto lugar está Canindé, que tem meta de vacinar 73 quilombolas e imunizou 79,4%.

Outras seis cidades alcançaram índices entre 80% e 90% em segunda dose: Itapiúna (82,4%); Morrinhos (82,8%); Salitre (87,6%); Araripe (88,0%); Marco (88,2%); Caucaia (88,7%); Moraújo (89,8%).   

Acima de 90% e menos de 100,0% há 11 municípios: Acaraú (90,5%); Poranga (90,9%); Potengi (91,2%); Quixeramobim (91,8%); Trairi (92,1%); Monsenhor Tabosa (92,8%); Horizonte (93,8%); Santa Quitéria (94,2%); Tamboril (96,7%); Sobral (97,7%); Pacujá (99,0).  

Vacinação de quilombolas
Legenda: De acordo com a Coordenação Estadual dos Quilombolas no Ceará (Cequirce), há cerca de 15 mil quilombolas em 86 comunidades rurais no Estado
Foto: Divulgação

Divergências

Em abril passado, gestores questionaram divergências entre a meta estabelecida pela Sesa e a existência real de população quilombola. A prefeita de Quiterianópolis, Priscila Barreto, esclareceu, na época, que segundo levantamento de associações de moradores só há 511 quilombolas que se autodeclararam, mas a Sesa enviou vacina para 1.380 pessoas desse grupo.

Atualmente, a meta da Sesa indica 660 quilombolas em Quiterianópolis “Como poderíamos vacinar mais de 1.300 pessoas desse grupo prioritário se não existe essa quantidade?”, questionou a gestora, Priscila Barreto.

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O mapa de vacinação da Sesa revela ainda distorções porque há casos em que o índice de vacinação de quilombolas ultrapassa 80%. Em Aracati, por exemplo, a meta é de 32 pessoas, mas foram vacinados em primeira dose 373 (1.165% da meta) e em segunda, 277 (865,0%).

A presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Consems), Sayonara Cidade, esclareceu que no início do Programa Nacional de Imunização, o Ministério da Saúde apresentou metas com base nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que é auto declaratório, mas para a “vacinação houve necessidade de comprovação e, por isso, houve divergência entre dose recebida e aplicada”.  

Para a presidente do Cosems, “o índice de vacinação de 95% é excelente”. Ela não soube explicar o porquê de queda entre o quantitativo de imunizados entre primeira e segunda doses. “Pode haver medo, desistência, ideia errônea de que só uma dose é suficiente”, ponderou.

 

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