Iguatu quer integrar projeto de transposição

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Foto: Honório Barbosa
Iguatu (Sucursal) – O Município está mobilizado para ser incluído na transposição das águas do Rio São Francisco. Na manhã de ontem, a Câmara Municipal de Iguatu realizou uma audiência pública com o objetivo de discutir o projeto e articular ações para inclusão do Município. O evento foi realizado no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), reunindo prefeitos, vereadores, deputados e lideranças comunitárias.

No final do evento, ficou definida a elaboração de uma carta para o Ministério da Integração Nacional, solicitando estudos para inclusão de Iguatu e do Açude Orós no projeto de transposição. “Vamos encaminhar esse documento ainda esta semana”, disse o presidente da Câmara, vereador Aderilo Alcântara, idealizador da audiência pública. “O nosso objetivo foi ampliar o debate, conhecer o projeto e analisar os aspectos favoráveis e contrários”.

Para o prefeito de Iguatu, Agenor Neto, a transposição iria contribuir para o desenvolvimento do Município. “Essa região não pode ficar fora desse projeto,” disse. “Temos terras planas, férteis e vocação agrícola”. O projeto de transposição foi apresentado pelo representante da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Francisco Teixeira. Ele confirmou que os municípios de Iguatu, Cariús, Jucás e Orós estão fora da rota de transposição do Rio São Francisco, que no Ceará percorrerá o caminho do Rio Salgado e vai desembocar no Rio Jaguaribe, após o Açude Orós.

Para Teixeira, a população da região deve mobilizar-se e reivindicar do governo uma alternativa. “Pode ser criado um ramal para o Rio Cariús e beneficiar essa região, Iguatu e o Açude Orós”, disse. “Isso vai depender de entendimentos entre os governos do Estado e federal”. O representante da Codevasf defendeu o projeto de transposição mostrando que vai garantir o abastecimento de água de grandes centros urbanos nos estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, além de diminuir a vulnerabilidade de escassez de água.

Francisco Teixeira mostrou que a transposição das águas do Rio São Francisco faz parte de um conjunto de ações do Ministério da Integração Nacional que incluem revitalização de bacias, combate à desertificação, interligação de bacias hidrográficas e segurança hídrica para a população urbana. “A vazão firme no local de captação é de 1.815 metros cúbicos por segundo e serão retirados apenas 61,3 m3/s”, disse.

O debate ganhou um contra-ponto com a participação do professor João Abner, da Universidade do Rio Grande do Norte. Contrário à transposição, ele enfrentou a platéia e a mesa de autoridades locais. Considera o projeto como um equívoco que vai atender apenas 5% do Semi-árido nordestino. “Serão investidos muitos recursos, mas as regiões secas e distantes continuarão desabastecidas. A pobreza e o carro-pipa permanecerão”. Ele também questionou o custo da água para uso agrícola.

O deputado federal, Bismarck Maia, defendeu a transposição, observando que havia, no passado, contestações contra obras importantes como a ponte Rio-Niterói e a barragem de Itaipu. “Essa obra vai trazer grandes benefícios”, disse. O deputado estadual, José Maria Pimenta, disse que há uma resistência da elite política da região Sul. “A água tem de passar por terras férteis e beneficiar esses estados que sofrem constantemente escassez de recursos hídricos”.