Hospital Regional de Iguatu produz 22 mil litros de oxigênio por hora e afasta risco de colapso
Insumo abastece a própria unidade, a UPA, o Samu e pacientes atendidos em casa. A demanda atual chega a 70% da oferta do gás
O crescimento de casos de Covid-19 e a consequente necessidade de oxigênio em pacientes amplia a preocupação com possibilidade de crise no abastecimento do gás nos hospitais públicos no interior cearense. No Hospital Regional de Iguatu (HRI), a produção própria de 22 mil litros de oxigênio por hora mantém a unidade com risco baixo de possível colapso no futuro.
A unidade de processamento atende a necessidade do HRI, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), além de pacientes que necessitam do suporte em casa (home care). No pico da pandemia, em maio de 2020, o consumo dobrou e chegou a 80% da capacidade produtiva da usina.
Mediante a instalação em breve de mais dez leitos de enfermaria Covid-19 e a aquisição de capacetes Elmos (que reduz necessidade de intubação/ventilação mecânica), a direção do HRI solicitou estudo para a ampliação da capacidade produtora de oxigênio à empresa contratada pelo fornecimento do serviço.
“No momento, afastamos o risco de colapso no abastecimento porque temos produção própria”, pontuou a diretora do HRI, Glícia Alencar. “Já solicitamos a aquisição de mais 50 cilindros de oxigênio para ficar como reserva”.
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Referência
O HRI é unidade polo de referência para dez municípios da região Centro-Sul. Dispõe de nove clínicas e 90% dos leitos são abastecidos com oxigênio canalizado. Atualmente, os dez leitos de UTI estão ocupados e a lotação da enfermaria chega a 70%, com pacientes com Covid-19, oriundos da região Centro-Sul e parte do Cariri.
A usina de produção de oxigênio foi implantada em outubro de 2018, quando o mundo não imaginava que um ano e meio depois viria a pandemia do novo coronavírus. A ideia foi reduzir o custo com a aquisição de cilindros de oxigênio em 40%. Atualmente, o HRI investe R$ 65 mil por mês com o serviço. “Foi um projeto acertado, que hoje colhemos bons resultados”, avalia Glícia Alencar. “Reduzimos despesas e temos segurança no fornecimento de oxigênio”.
Consumo dobrou
Em comparação com março de 2020, o consumo atual quase que dobrou, mediante o crescimento da demanda no HRI e na UPA, e está em torno de 70% da capacidade.
“Temos agora, no Ceará, três vezes mais pacientes em busca de leitos clínicos com necessidade de uso de oxigênio do que na primeira onda”, comparou a secretária de Saúde de Iguatu e presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), Saynara Cidade.
Nesta quarta-feira (10), a Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) e empresas fornecedoras e distribuidoras de oxigênio devem apresentar relatório ao Ministério Público Estadual (MPCE) com a demanda e estoque de oxigênio em hospitais públicas do interior cearense. A preocupação do MPCE é evitar caso semelhante ao que ocorreu em Manaus – a falta de oxigênio para os pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI).