Família Beviláqua criou espaço próprio

Escrito por Fernando Maia - Textos/ Kid Júnior - Fotos ,

A família Beviláqua é responsável por outra história controversa em Granja. Versão popular dá conta de que um de seus membros teria assassinado um padre. Em represália, toda a família teria sido amaldiçoada por outro padre por cinco gerações, período no qual não poderiam enterrar seus mortos no cemitério oficial da Igreja.

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A família, então, construiu o Cemitério Santo Antônio Beviláqua, um local para sepultar seus entes num terreno próprio. A versão é sustentada por Antônio Beviláqua, 77 anos: "Isso aconteceu no passado. É uma coisa da qual não gostamos de lembrar nem falar. O cemitério de há muito recebe as pessoas da comunidade, principalmente as mais carentes, que não conseguem outro local para se enterrar".

O historiador Raimundo Pompe contesta essa versão. "Isso faz parte da tradição oral. Não encontrei nenhum documento que comprovasse essa história. A explicação mais plausível é que um homem rico, latifundiário, chamado Antônio Beviláqua, resolveu construir, na própria terra, o local para enterrar uma escrava que criou muitas gerações da família e era bastante querida".

A decisão foi tomada após a negativa da Igreja de aceitar o sepultamento da escrava no seu cemitério. "Por ser uma pessoa benquista, integrantes da família acabaram tendo o mesmo destino. Sobre o episódio do assassinato do padre, conversei em São Paulo há muito tempo com o mais velho dos Beviláquas, senhor Agenor, que desmentiu esse fato e contou que há muito tempo os membros da família são sepultados no São João Batista", discorre Pompe.

Para ser enterrado no Cemitério dos Beviláquas, no bairro Alto do Posto, basta que a família do morto procure a pessoa encarregada de guardar o cadeado para ter acesso ao local. Não é necessário apresentar nenhum tipo de registro, segundo nos revelou seu Antônio.

Terreno legal

Em nota, a Prefeitura de Granja garante que "o mais breve possível, será desapropriado um terreno que fica do lado do atual cemitério municipal, onde os enterros obedecerão a todas as normas legais de funcionamento, bem como as devidas liberações de ordem legal para funcionar junto aos órgãos competentes".