Escola de Maracanaú promove inclusão

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EMEIF Walmiki Sampaio de Albuquerque oferta tratamento individualizado para alunos especiais

Fortaleza. A inclusão de alunos com deficiência em unidades de ensino comuns deixou de ser uma novidade desde o governo Lula. O diferencial tem sido escolas públicas se mobilizarem para prestar um serviço de qualidade a esse público. A Escola Municipal de Educação Infantil e Fundamental (Emeif) Walmiki Sampaio de Albuquerque, instalada no Distrito Industrial, na cidade de Maracanaú, vem se destacando nesse segmento, com a oferta de um atendimento individualizado para 21 estudantes matriculados.

Desde a instituição da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (de 2008), determinando que alunos especiais se somariam a outros estudantes em escolas comuns, houve divisão de opinião. Se uma corrente defendia a legislação por entender que ajudaria no processo de socialização, outra temia pela qualidade do ensino, em vista da demanda de um público diversificado, que inclui autistas, deficientes visuais e auditivos, portadores de paralisia cerebral e até portadores de doenças psíquicas mais graves.

Assimilação

Na Escola Walmiki Sampaio, o grande feito foi a rápida assimilação desse público, sem que existissem conflitos com os demais alunos. Os pais saem na frente na defesa de que não há um traço excludente.

A diretora Aretuza Alves de Oliveira entende que esse foi o primeiro passo para o reconhecimento pelos governos Federal e Municipal. Desse modo, houve a contemplação de salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Isso implicou em toda uma reformulação da unidade, facilitando o acesso, criando bibliotecas especiais e disponibilizando uma pedagoga exclusiva para os casos de crianças, adolescente e até adultos com deficiências físicas e psíquicas.

"Desde 2008, essa convivência vem sendo tentada em todas as escolas. Algumas estão mais preparadas. Outras menos. No nosso caso, dizemos que procuramos eliminar o máximo os conflitos gerados pelas diferenças", afirmou a diretora.

Para tanto, houve todo um trabalho voltado para o acolhimento e a atenção dos alunos. O momento mais importante foi a manutenção da pedagoga Arícia Saunders, que atende de forma individualizada cada estudante, que busca dar ao aluno uma autonomia dentro e fora da sala de aula.

A metodologia empregada pela escola, que não é diferente da introduzida pela Secretaria de Educação do Município, também inclui o reconhecimento da imediata superação dos conflitos de aceitação. Betânia Dias Lisboa, mãe do estudante autista A. D., de 14 anos, admite que a escola ofertou uma acolhida surpreendente. Apesar da inquietação do filho, diz que há uma aceitação muito maior agora pela integração social do que antes de ter sido matriculado.

Aretuza lembra que além de ter passado por algumas adequações físicas, há uma perspectiva de expansão da escola, com a construção de banheiros próprios para cadeirantes, melhoria da biblioteca em Braille, oferta de multimeios e tradutores da linguagem de libras.

"Nossa maior dificuldade é em relação à rede de atendimento externa, no caso de um aluno necessitar de um acompanhamento de um profissional da área da saúde, pois nem todas as famílias fazem esse acompanhamento periodicamente". Nesse caso, a unidade de ensino tem recorrido a postos de saúde para se buscar um diagnóstico para patologias apresentadas e até encaminhamento para instituições especializadas.

No caso de alunos com problemas psíquicos graves, a destinação tem sido a área de psiquiatria infantil do Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza. Os cadeirantes recebem atenção complementar do Hospital Sarah Kubitschek.

Conscientização

No sentido de ampliar essa consciência de inclusão de alunos especiais, a Escola promoveu na quarta-feira passada uma Caminhada pelo Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Saindo da escola, localizada na Avenida do Contorno Sul do Conjunto Industrial, alunos e professores percorreram ruas da comunidade, com cartazes e faixas chamando a atenção para a democracia no ensino e a sensibilidade com aqueles que têm necessidades especiais.

"Sabemos que há muitas pessoas, independente do sexo, que estão fora da sala de aula porque não ousam vencer o preconceito de se integrar com outros alunos. A manifestação foi no sentido de quebrar barreiras", afirmou Aretuza.

MULTIMEIOS

Tecnologia estimula aprendizado

Softwares que utilizam Braille ou adaptados para surdos já existem, mas falta treinamento para os professores

Fortaleza Ação política voltada para os multimeios pode tornar escola mais eficiente para os estudantes com necessidades especiais. "Não oferecemos reforço. A sala de atendimento tem com principal objetivo expandir a educação para esses alunos, tidos como especiais".

A afirmação é da pedagoga Arícia Saunders, da Escola Walmiki Sampaio. Ela reconhece as limitações dessa proposta, em vista da própria necessidade de mais recursos, tanto na área de pessoal quanto de equipamentos informatizados.

"Nosso trabalho é voltado junto aos professores. Não poderíamos atuar sozinhos. Em alguns casos, os limites são grandes, como no caso da falta de professores que dominem a linguagem de libras".

Arícia lembra que essa demanda já vinha sendo atendida por diferentes serviços sociais do Município. No entanto, a Educação foi mais um recurso de democratização do conhecimento e na contribuição para o desenvolvimento pessoal. Para o coordenador do Laboratório de Pesquisa Multimeios da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Hermínio Borges Neto, é indiscutível o valor desses recursos para a atenção de alunos com necessidades especiais.

Nesse sentido, há um estímulo para o uso da internet, que tanto pode disponibilizar obras para alunos comuns, quanto oferecer programas voltados para grupos particulares de pessoas com deficiência.

Segundo Hermínio Borges, a maioria dos softwares são livres, tais como os destinados para deficientes visuais, com programação em Braille, e para os deficientes auditivos. No caso do primeiro, o laboratório já vem implantando o Portáctil, que consiste em pesquisa e desenvolvimento de um dispositivo portátil óptico-mecânico de tradução braile em tempo real.

"As tecnologias são fundamentais para o aprendizado e ainda possuem um valor muito maior para os estudantes especiais. No caso do autista, o computador pode ser uma forma de se comunicar com o mundo externo", disse Hermínio Borges.

No entanto, observa que não basta instalar computadores e programas nas escolas. Ele chama a atenção para um item igualmente importante: a capacitação dos professores, numa carga horária mínima. "O que falta é determinação política, porque dispomos dos meios e das tecnologias", destaca.

MAIS INFORMAÇÕES

Emeif Walmiki Sampaio de Albuquerque/ Av. Contorno Sul, S/N Conjunto Industrial - Maracanaú
Telefones: (85) 3392.8470


Marcus Peixoto
Repórter