Dom Panico afirma que filme se excede

Escrito por Redação ,
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Foto: Antônio Vicelmo
Crato (Sucursal) - “É um filme controvertido que deixou os telespectadores divididos quanto aos seus pareceres.” A opinião é do dom Fernando Panico, bispo da Diocese do Crato, que assistiu ao filme de Mel Gibson em Fortaleza. Dom Fernando diz que assistiu ao filme atentamente para verificar a consistência ou não das acusações que os críticos fizeram. O que chamou a atenção do bispo da Crato foi o enfoque, segundo ele, muito forte ao sofrimento de Jesus . “Não resta dúvida, disse dom Fernando, que Jesus sofreu muito, mas por amor. Talvez tenha faltado este destaque de visualizar mais que o sofrimento de Cristo nasceu de uma disposição interior que o acompanhou a vida toda, com o objetivo de realizar o projeto de Deus”.

Dom Fernando diz que o fato de passar pelo caminho da cruz é bíblico. Entretanto, Jesus não quis este sofrimento. Ele o aceitou porque amava o Pai. Foi uma prova da fidelidade dele ao Pai. Ele aceitou livremente este sofrimento por amor a nós , para nos salvar. Dom Fernando lembra que a palavra “livremente” deve ser destacada na leitura que se faz do filme.

Para o bispo, o filme não é anti-semita, não tem conotações contrárias aos judeus. O processo contra Cristo, segundo dom Fernando, teve a participação do Sinédrio, isto é, o tribunal, formado por sacerdotes, anciãos e escribas, o qual julgava as questões criminais ou administrativas referentes a uma tribo ou a uma cidade, os crimes políticos importantes. Dom Fernando observa que quem condenou Cristo não foram somente os homens de 2 mil anos atrás, somos nós, os pecadores, que condenamos e matamos Jesus.

Dom Fernando analisa que cada sociedade vive a sua época cultural. “Não resta dúvida que nós estamos numa sociedade caracterizada pela violência. O filme retrata uma imagem própria da nossa época, o Cristo que sofre a violência dos homens e que se faz também solidário com esta realidade”. Entretanto, ressalta, não deve ser apresentada uma violência tão aguerrida.

Dom Fernando lembra que é impossível para um ser humano suportar os suplícios e tormentos mostrados pelo filme, com toda aquela carga de violência imposta a Cristo. “Com certeza, ele, como ser humano, não teria chegado até a cruz. Teria morrido antes. A violência é muito forte”, comenta.

Dom Fernando conclui dizendo que, apesar de alguns teólogos se posicionarem a favor e contra o filme, a sua opinião é contrária à violência, sobretudo a violência que faz da cruz o seu patamar de propaganda.