Covid-19: Ceará se aproxima dos 16 mil profissionais da saúde recuperados

Técnicos ou auxiliares de enfermagem são o grupo mais atingido pela doença, mas médicos registram maior número de óbitos

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(Atualizado às 16:45)
Hospitais
Legenda: A taxa de letalidade entre profissionais da saúde no Ceará é de 0,2, segundo o IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará.
Foto: Fabiane de Paula

Passados quase seis meses desde o início oficial da pandemia da Covid-19, no Ceará, um total de 16.247 profissionais que atuam nos serviços de saúde do Estado foram contaminados com o novo coronavírus. Destes, 15.945 conseguiram se recuperar e 27 perderam a vida em decorrência da doença. Outros 275 estão, atualmente, em fase de recuperação.

Durante a pandemia, os profissionais da saúde tiveram que se reiventar e viram suas rotinas serem transformadas. Os mais afetados, que somam o maior número de casos confirmados, são os técnicos ou auxiliares de enfermagem (28%), seguidos de enfermeiros (14%) e médicos (9%).  Este último grupo  soma o maior número de óbitos em decorrência da doença (8).

As informações constam na plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará, atualizadas às 17h16 deste domingo (30). O município de Sobral, que já foi considerado o epicentro da pandemia no Ceará, registra o maior número de confirmações entre os Municípios do interior. Um total de 736 profissionais foram infectados - felizmente, nenhum óbito foi registrado.

A cidade só fica atrás de Fortaleza (7.464 casos) no total de registros. Em Sobral, 297 técnicos ou auxiliares de enfermagem foram contaminados, além de 129 enfermeiros e 52 agentes comunitários de saúde. Um total de 49 médicos ficaram doentes e se recuperaram. Fisioterapeutas (31)recepcionista (21) também registram números elevados.

Superação

O coordenador de enfermagem da emergência da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, Hobber Kildare, 42, chegou a ficar seis dias internado na Unidade de Terapia Intensiva da unidade. "Por mais que a gente esteja parametrado, há o risco (de contágio). A gente faz o transporte de pacientes que, às vezes, nem sabem que estão doentes. Aqui, quase todo mundo pegou". 

"Ainda hoje, entram pacientes vítimas de acidentes automobilísticos, por exemplo, que nem sabem que estão doentes. Na tomografia que vemos os exames sugestivos para a Covid-19", explica.

O profissional, que já voltou ao trabalho, chegou a ficar com mais de 60% do pulmão comprometido.

Ele conta que a unidade de emergência da Santa Casa atende pacientes vítimas de acidentes, com traumas no corpo, que sofreram AVCs, etc. Ainda assim, o risco de contaminação não é descartado. "A equipe toda trabalha parametrada mas há o risco de contaminação por aerossóis ou gotículas de saliva. Atualmente, dois enfermeiros estão contaminados".

"O vírus não escolhe idade, cor, profissão, mas a gravidade dependendo da carga viral. A minha foi muito forte, mas temos profissionais aqui que não sentiram nada. No caso do médico, por exemplo, ele precisa entubar o paciente, fica muito próximo da boca, o risco é maior. No caso dos técnicos, se passa mais tempo com o paciente também (o que aumenta o risco".

Veja o número de casos por profissão (IntegraSUS):

  1. Técnicos e auxiliares de enfermagem: 2.690 casos (28,64%) 
  2. Enfermeiros: 2.329 (14,22%) 
  3. Médicos: 1.545 (9,44%)
  4. Agentes comunitários: 1.401 (8,56%)
  5. Recepcionistas: 670 (4,09)

Veja o número de óbitos por profissão (IntegraSUS):

  1. Médicos: 8
  2. Técnicos e auxiliares de enfermagem: 7
  3. Enfermeiros: 3
  4. Condutor de ambulância: 2
  5. Um óbito: farmacêutico; cirurgião-dentista; técnico ou auxiliar odontológico; agente de saúde; agente de combate a endemias; outro tipo de agente visitador sanitário; profissional de biotecnologia.

Equipamentos de proteção

Segundo Sayonara Cidade, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), o início da pandemia foi o momento mais difícil. “No Brasil, de uma maneira geral, foi bem complicado, por conta da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Era nossa maior preocupação, juntamente com as recomendações da Vigilância Sanitária".

“Em curto espaço de tempo, os Municípios conseguiram se organizar quanto ao uso de EPIs”, aponta.

Na avaliação da representante, essa “evolução foi acontecendo” aos poucos, o que permitiu que as secretariais municipais fossem “aprendendo a fazer esse controle” de forma adequada. “No Ceará, graças a Deus, o percentual de profissionais que foram acometidos foi bem mais baixo em relação aos outros estados e também não tivemos uma taxa de letalidade muito alta”, ressalta.

Segundo o IntegraSUS, a taxa de letalidade hoje é de 0,2, menor que o índice geral do Ceará - que está em 3,91. 

Municípios com mais casos confirmados (IntegraSUS):

  1. Fortaleza: 7.464 casos (12 óbitos)
  2. Sobral: 736 casos (nenhum óbito)
  3. Caucaia: 666 casos (1 óbito)
  4. Juazeiro do Norte: 397 casos (nenhum óbito)
  5. Quixeramobim: 257 casos (nenhum óbito)

Municípios com registros de óbitos (IntegraSUS):

  • Fortaleza: 12
  • Iguatu: 2
  • Santana do Acaraú: 2
  • Redenção: 1
  • Jaguaretama: 1
  • Ocara: 1
  • Umirim: 1
  • Tamboril: 1
  • Baturité: 1
  • Caucaia: 1
  • Horizonte: 1
  • Aquiraz: 1
  • Tabuleiro do Norte: 1
  • Itapipoca: 1

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