Construção de cinema no Crato está paralisada há mais de um ano

A previsão de inauguração das duas salas de cinema era para maio de 2018. O impasse quanto ao local de instalação da estrutura física afetou o cronograma das obras que segue sem prazo para conclusão

Escrito por Antonio Rodrigues , regiao@verdesmares.com.br
Foto: Foto Antonio Rodrigues

 

Há mais de um ano, tapumes cercam parte do Largo da RFFSA, no Crato. Dentro dele, areia e tijolos abandonados assistem o mato tomar de conta. Lá, é onde deveriam ser erguidas duas salas de exibição pelo projeto Cinema da Cidade, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult), em parceria com a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

Porém, as obras estão paralisadas desde março do ano passado, após recomendação contrária emitida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Desde então, um novo local para sua instalação tem sido discutido.

O Crato foi uma das 10 cidades do interior cearense contempladas com a construção de um cinema. O município receberá duas salas que comportam 210 e 105 lugares em ambiente climatizado com instalações modernas. Orçada em R$ 2.169.524,00, a ordem de serviço foi assinada em outubro de 2017 e a previsão de entrega era maio do ano passado. Em contrapartida, as prefeituras municipais cederam os terrenos para a edificação do equipamento.

Inicialmente, o Mercado Central foi escolhido, mas por opção do prefeito, que pretende revitalizar o equipamento, foi descartado. Então, em audiência pública, foi escolhido o Largo da RFFSA, próxima a antiga estação ferroviária - hoje Centro Cultural Araripe.

O largo da RFFSA, onde está erguido a antiga estação ferroviária, sofreu intervenções "modernas", como as obras de urbanização e pavimentação, além da construção do Restaurante Popular e da Biblioteca Pública, ambos inaugurados em 2010. Mesmo assim, o processo da tutela pelo Iphan daquele espaço encontra-se em tramitação.

Apesar de atender algumas exigências da Secult e da Ancine - como a proximidade a centros culturais, áreas de periferia, praças, hotéis, restaurantes, pontos de transporte coletivo e fácil acesso - os técnicos do Iphan acreditam que a construção das salas no largo da RFFSA poderia comprometer a visibilidade de seu conjunto arquitetônico em suas especificidades e características, assim como sua importância histórica e econômica no contexto da cidade. A Secult acatou o parecer e decidiu suspender a obra.

Em nota, a Secult informou que a escolha do novo local que abrigará o cinema ainda está em fase de definição e análise pela Pasta e pelo Departamento de Arquitetura e Engenharia do Ceará (DAE). Contudo, o secretário de Cultura de Crato, Wilton Dedê, acredita que o Parque Pedro Felício Cavalcante, onde acontece a tradicional Expocrato, deve ser o lugar escolhido. Vamos definir em reunião".

Já sobre os entulhos, areia, tijolos e tapumes deixados há mais de um ano no largo da RFFSA, Dedê antecipa que foi feita uma licitação para a retirada do material de construção e recuperação da área. Antes disso, por conta própria, a Prefeitura de Crato fez manutenção e limpeza no espaço. "A gente quer que resolva tudo antes do primeiro semestre. A decisão do novo local está aberta ainda", completa.

Nos outros nove municípios, a Secult informou que o projeto "Cinema da Cidade" segue com suas ações normalizadas e em andamento das atividades. O projeto encontra-se licitado em todos os municípios e em análise pela Caixa Econômica Federal (CEF) e pelo DAE. Ao todo, serão 20 salas construídas em cidades com mais de 20 mil habitantes que não possuam este tipo de equipamento. Os outros municípios contemplados são: Amontada, Aquiraz, Canindé, Cedro, Crateús, Iguatu, Itaitinga, São Benedito e Tauá. O investimento é de R$ 20 mi pela Ancine e R$ 12 mi pela Estado.

O Município do Crato é a único, dentre os dez que receberão salas de cinema do projeto "Cinema da Cidade" do Governo do Estado, que está com as obras paralisadas. O atraso já dura mais de um ano.

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FOTO: ANTONIO RODRIGUES

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