Comunidade vive sem água e energia elétrica

Escrito por Redação ,
Legenda:
Foto:

Cristiane Vasconcelos
enviada a Pacujá

Problemas de falta d´água e energia condenam a comunidade do bairro Alto do Cravatá, em Pacujá, a viver em condições ultra2passadas para os dias atuais. São cerca de 30 famílias que estão batalhando por essas melhorias. Eles só conseguem a energia com ligações irregulares. A água é trazida na cabeça ou de bicicleta em muitas viagens até o chafariz mais próximo, no Centro da cidade, há cerca de 1km.

As tentativas para trazer as redes de energia e água foram feitas pela Associação dos Amigos de Pacujá, mas nada foi conseguido até agora. Há um ano, a solicitação da ligação elétrica foi feita junto à Coelce. De acordo com o integrante da Associação e diretor do Museu do Pacujá, que também fica no bairro, Alancardé Leopoldino, técnicos ainda vieram medir a área, mas um problema emperrou o processo. A Coelce alegou, conforme conta Leopoldino, que já existia um projeto para eletrificação da área, mas era um projeto rural. E a entidade havia entrado com um novo projeto, sendo que desta vez, estabelecendo o bairro como área urbana. Nisso, o processo parou e “ficou por isso mesmo”, diz.

Como ele conta, há algum tempo, a Prefeitura incorporou o bairro à zona urbana, por isso o projeto antigo ainda constava como zona rural. Localizado na entrada e há cerca de 800 metros da cidade, o bairro do Alto do Cravatá ainda não tem ruas definidas e nenhum tipo de saneamento. Em cima das casas, as ligações irregulares feitas em troncos de carnaúba é um risco para crianças e adultos. Ainda assim, a energia é fraca.

Já no quesito água, a comunidade sofre diariamente para pegar baldes de água no Centro da cidade. De bicicleta ou na cabeça mesmo, eles fazem duas, três ou seis viagens ao dia. E não tem idade para isso. Toda ajuda é válida. Por isso, os pequenos também acompanham e trazem suas pequenas garrafas pet de 600ml enquanto até os mais velhos equilibram o peso dos baldes na cabeça. A dona-de-casa Maria Estevão das Chagas, de 62 anos, reclama das dores nas costas ao fim das caminhadas. Mas, mesmo assim, ela está na mesma batalha diariamente. Na casa dela, são nove pessoas, entre adultos e crianças, e todos fazem o mesmo todos os dias.

De acordo com Alancardé Leopoldino, a proposta da Prefeitura é trazer uma rede de água para uma caixa-d´água próxima à comunidade, transformando-a em um chafariz. Mas segundo ele, a comunidade não aprova a ação porque a água do chafariz continuaria sendo salobra, de má qualidade. Já em relação à Cagece, Leopoldino informa que o órgão pede que seja feita uma solicitação e um abaixo-assinado para dar entrada no processo. Nesta semana, eles fizeram isso. Com a comunidade reunida, foram dadas as explicações sobre os processos, tanto da água como da energia, e o abaixo-assinado foi feito. Ao final, Alancardé pede a todos: “não vamos desistir. Temos que continuar tentando”.

Segundo o coordenador de serviços a clientes da unidade de negócios da Cagece na Bacia do Coreaú e Acaraú, Tancredo Wilson Júnior, é esse procedimento que a comunidade deve fazer. Ele diz ainda que não há diferença na solicitação da Prefeitura ou da Associação. “O tratamento é igualitário. Se a Prefeitura fizer também a solicitação, nós anexamos ao processo”, explica. De acordo com Júnior, a maioria dos processos encaminhados são feitos pelas próprias comunidades. Depois de recebidos, é feito um estudo de viabilidade técnica, econômica e financeira. Em seguida, o processo vai para a diretoria da Cagece em Fortaleza para aprovação. Sendo aprovado, o processo retorna. Daí em diante, a Cagece entra com o material e a comunidade com a mão-de-obra, como escavação e aterro. Mas o coordenador informa que é difícil estimar um prazo médio para isso.