Comunidade gaúcha cresce na Zona Norte

Escrito por Redação ,

Há mais de dez anos eles começaram a desembarcar em solo sobralense em sua maioria trabalhadores da, então recém chegada, Grendene. Atualmente, a “comunidade gaúcha” no Município já é bem extensa e em muitos casos já plantou raízes na cidade. Filhos de gaúchos com sobralenses ou mesmo filhos de gaúchos nascidos no calor da terra são uma das heranças desse povo por aqui. Hoje, quem não se adaptou está longe, já quem ficou garante que não tem planos de retornar tão cedo para sua terra natal.

O perfil daqueles que aqui chegaram há anos atrás mudou em muitos casos. Geralmente solteiros e em busca de estabilidade financeira, os primeiros gaúchos chegados em Sobral ainda não pensavam em criar raízes aqui. O custo em se separar da família e vir para terra desconhecida era como uma aventura. E as conseqüências dessa aventura eram, praticamente, imprevisíveis para todos.

Como no caso de Luiz Pereira que veio a Sobral transferido da matriz da fábrica da Grendene na cidade de Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Aqui chegando, o pensamento de Luiz se encaixaria exatamente no perfil citado. “A intenção principal era acumular dinheiro”, revela. Mas com o tempo, confessa ele, viu que a realidade não estava tão propícia a concretização dos planos, ainda assim, a vontade de ficar já crescia. Solteiro, deixando toda família em Farroupilha, em Sobral ele passou a contar com os amigos feitos aqui e os conterrâneos conhecidos no emprego.

Até hoje, as amizades continuam, mas ele não contava mesmo era com a surpresa do destino que acabou lhe prendendo de vez a essa terra. Como casos que se tornaram comuns em Sobral, Luiz acabou se casando com a cearense Gisleda Carvalho. Natural de Fortaleza, ela veio morar com a irmã na cidade. Aqui, freqüentava a mesma roda de amigos de Luiz, mas foi só dois anos e meio depois que o namoro começou. Juntos há cinco anos, o casal tem uma filha, a pequena Letícia, de 4 anos, e trabalha em negócio próprio administrado pelos dois desde que Luiz foi demitido da Grendene, em outubro passado.

Hoje, o gaúcho, que se define agora como “cearucho”, deixa claro que não tem nenhuma intenção de voltar à Farroupilha. “Já estou estabilizado aqui. Criei raízes”, brinca. Apesar disso, a saudade da família continua sendo o único ponto negativo de toda essa história. Contra a saudade, o tradicional e característico churrasco gaúcho é o melhor remédio, entrega a mulher Gisleda. Isso porque, contraditoriamente ao estereótipo nacionalmente conhecido, o chimarrão não é um costume muito apreciado pelo gaúcho Luiz. Mas contradição mesmo é a divergência de opiniões em casa. Gisleda confessa que tem vontade de morar no Sul, região em que esteve de visita uma vez desde que casou. Vontade esta que o marido é rápido em descordar, “não. Vamos ficar é aqui!”, diz logo sorrindo.

Cristiane Vasconcelos
sucursal Sobral