Ceará registra avanço de seca moderada em abril, aponta Monitor da Seca

No próximo mês, a ferramenta divulga o cenário referente a maio, que foi o último mês da quadra chuvosa no Estado

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
estiagem no Ceará
Legenda: Em Iguatu, cisternas já secaram em várias localidades porque famílias usaram a água para todas as necessidades diárias e agora dependem do caminhão-pipa
Foto: Foto: Honório Barbosa

O Ceará registrou em abril passado chuvas abaixo da média histórica. Para o período eram esperados 188mm, mas foram observados apenas 125.1mm, ou seja, ocorreu um desvio negativo de 33.5%. A irregularidade das precipitações no tempo e no espaço geográfico provocou um avanço de seca moderada no Estado, em comparação com o quadro no mês anterior. Os dados são do Monitor da Seca, que mensalmente avalia a situação nas regiões brasileiras.

O avanço da seca moderada no Ceará ocorreu em direção ao litoral norte, devido à piora nos indicadores pluviométricos. Já na faixa leste, divisa com Rio Grande do Norte, houve recuo da seca moderada em razão de registro de chuvas acima da média nesta região.

A análise dos meteorologistas do Monitor da Seca indica que permanecem os impactos de curto e longo prazos na porção central do Ceará e de curto prazo nas demais áreas.

Em relação à região Nordeste, as chuvas ocorridas em abril passado foram em média, acima do esperado, favorecendo uma melhora na condição de seca (vegetação, umidade do solo e acúmulo de água) na maior parte dos estados.

De um modo geral, no Nordeste brasileiro, o Monitor das Secas apontou recuo das áreas em situação moderada e fraca, em abril passado. O período de fevereiro a maio é denominado de quadra chuvosa, no sertão nordestino.

Já no litoral leste do Nordeste – Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Sergipe as chuvas ocorrem em maior quantidade em maio e julho.

Comparativo

O Monitor da Seca apontou ocorrência do fenômeno em 100% do território cearense em março passado. Naquele período houve piora no quadro de estiagem atingindo, portanto, todo o território cearense.

Em comparação com fevereiro passado, quando o quadro de seca fraca atingiu 65,74% do território e de moderada, 34,26%, em março último, o índice de categoria fraca caiu para 63,72% e moderada atingiu 36,28%.

O mês de março deste ano registrou a maior extensão de seca moderada no Ceará desde fevereiro de 2020, quando 57,7% do território cearense enfrentou esse grau de severidade.

O Ceará não registrou nenhuma área com categorias grave, extrema e excepcional no período da quadra chuvosa deste ano.

“As chuvas neste ano foram muito irregulares e localizadas, contribuindo para a expansão do fenômeno da seca em grande parte do semiárido nordestino".
Flaviano Fernandes
Meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)

Flaviano Fernandes frisou que quando o período chuvoso (fevereiro a maio) no sertão é mais generalizado e contínuo favorece a recarga de recursos hídricos nos reservatórios, o solo fica mais úmido e a vegetação mais verde, com ressurgimento prolongado de pastagem nativa. Esse cenário reflete na melhora do quadro histórico de seca na região.

O Monitor da Seca é uma ferramenta coordenada pela Agência Nacional de Águas (ANA) desde 2017. No Ceará, tem o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e parceria com outras instituições estaduais e federais.

Pluviometria

Em fevereiro passado, o primeiro mês da quadra chuvosa no Ceará, a Funceme registrou em média 125.9mm no Estado, ou seja, 6.2% acima do esperado para o período que é de 118.6mm.

Já em março ocorreu um déficit de 7.3%. Eram esperados 203.4mm, mas choveu em média 188.6mm.

Em abril passado, as chuvas ficaram ainda mais abaixo da média. Foram observados 125.1mm, isto é, 33.5% de desvio negativo. O esperado para o período são 188mm.

No último mês da quadra chuvosa, maio, o Ceará, em média, registrou 68.6mm, que representa um déficit de 24.3%. Para o período a média histórica é de 90.6mm.

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