Atendimento psicossocial cresce 118% em junho ante igual período de 2019, no Ceará

O total de atendimento em junho de 2020 é o maior desde 2016, que teve 789 contatos. Durante a pandemia, os contatos foram realizados de forma remota

Escrito por Rodrigo Rodrigues , rodrigo.rodrigues@svm.com.br
Legenda: Psiquiatras têm recebido alto índice de novos pacientes na pandemia
Foto: José Leomar

Isolamento social, medo de ser contaminado ou de “passar o vírus” para algum familiar do grupo de risco somam-se à preocupação com a manutenção da renda mensal durante a pandemia. Este turbilhão de emoções pode acarretar o agravamento da saúde mental, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Ceará, o impacto pode ser mensurado na quantidade de atendimentos.

De abril a junho deste, o Núcleo Psicossocial da Defensoria Pública do Estado, que passou a prestar o serviço de escuta cuidadosa por meio remoto, somou 6.710 contatos - somente em junho, foram 3.445. No comparativo com anos anteriores, junho de 2020 somou o maior número de atendimentos desde 2016, que teve 789 contatos. O número de junho representa aumento de 118% em relação ao mesmo período de 2019 (1.576).

Neste cenário, Juazeiro do Norte (970) e Crato (930) registraram a maior parte dos atendimentos no último mês. Curiosamente este primeiro município vive atualmente a situação mais preocupante na pandemia dentre todas as cidades cearense. Juazeiro já ultrapassou a marca dos nove mil infectados.

“Desde o momento que a gente disponibilizou este canal, a gente percebe que vem existindo uma grande demanda por parte dos nossos assistidos. Durante o isolamento e na pandemia, essas questões sociais e psicológicas vêm sendo agravadas”, ressalta a psicóloga Andreya Arruda, coordenadora do Núcleo.

Além das questões psíquicas, a representante explica que também são atendidos questões de conflitos familiares, regulamentação de convivência e até do auxílio emergencial. Por conta do distanciamento socia, os meios de contato estão sendo por telefone, aplicativo de mensagem ou e-mail.

Legenda: Atendimentos psicossociais de junho deste ano.
Foto: Defensoria Pública

Núcleo

Um total de cinco psicólogas e oito assistentes sociais atuam no Psicossocial da Defensoria Pública. Além disso, também há a articulação junto a rede de atendimentos, como nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), para encaminhamento de casos mais urgentes. Isso acontece porque a equipe de especialistas pode enxergar a necessidade de direcionar a demanda a órgãos mantidos pelas prefeituras ou pelo Estado

As 13 profissionais que atuam na Defensoria estão divididas em oito pontos estratégicos do Estado:

  • Núcleo do Mucuripe, em Fortaleza;
  • Núcleo de Atendimento de Jovens e Adolescentes em Conflito com a Lei (Nuaja);
  • Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem);
  • Núcleo de Execução Penal (Nudep);
  • Núcleo de Atendimento de Petição Inicial (Napi);
  • Núcleo de Atendimento da Defensoria da Infância e Juventude (Nadij); e
  • Região do Cariri.

Legenda: Atendimentos psicossociais de junho deste ano.
Foto: Defensoria Pública

Riscos agravados

Conforme estudo realizado em Michigan, nos Estados Unidos, trazido pela Defensoria Pública, o índice de pessoas que se matam cresceu 32% durante a quarentena. Entre os quadros de maior risco estão os profissionais da saúde e trabalhadores essenciais, que atuam na linha de frente.

Outro estudo, realizado na China, mostrou que, na fase inicial da pandemia, 13,8% das pessoas manifestaram sintomas depressivos leves; 12,2% sintomas moderados, e 4,3% quadros graves. Por conta deste cenário e preocupação crescente, a Defensoria está disponibilizando, desde abril deste ano, 13 linhas telefônicas para a realização de atendimentos junto aos assistidos.

“Temos linhas específicas voltadas ao direito da mulher; das pessoas que estão privadas de liberdade; da infância e juventude; atendimentos voltados a temática de família e questões cíveis e, ainda, de adolescentes em conflito com a lei”, ressalta Arruda.

Atendimento Psicossocial

Em Fortaleza:

  • (85) 9.8560.2709 (8h às 14h) ou (85) 9.9294.2844 (11h às 17h) – Direitos da Mulher
  • (85) 9.9171.7476 (8h às 14h) ou (85) 9.8163.3839 (11h às 17h) – Direitos da Pessoa Presa
  • (85) 9.9220.4953 (8h às 14h) ou (85) 9.8717.3004 (11h às 17h) – Direitos da Infância e da Juventude
  • (85) 9.9731.0293 (8h às 14h) ou (85) 9.8866.4520 (11h às 17h) – Família e Cível
  • (85) 9.8162.0641 (8h às 14h) ou 9.8683.0897 (11h às 17h) – Adolescente em Conflito com a Lei

No Cariri:

  • (88) 9.8842.0757
  • (88) 9.9934.8564
  • (88) 9.9680.8667

Centro de Valorização da Vida:

  • CVV – 188