Alta no preço do arroz anima produtores e impulsiona plantio nas várzeas de Iguatu

Em apenas 15 dias, o produtor viu o preço do quilo do grão em casca saltar de R$ 1,40 para R$ 2. Com o aumento, eles se movimentam para retomarem a produção que estava reduzida

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Legenda: A área de cultivo de arroz irrigado no segundo semestre do próximo ano pode dobrar em relação ao período atual, saindo de 1.500 hectares para três mil.
Foto: Honório Barbosa

Enquanto muitos lamentam e ainda tentam processar o choque inicial causado pelo recente aumento no preço do arroz, alguns comemoram a alta do grão. Produtores das várzeas do Rio Jaguaribe, do Açude Orós e de lagoas em áreas rurais de Iguatu, na região Centro-Sul cearense, se animaram com a alta e já retomaram o plantio que, até então, estava reduzido. O Município é um dos principais produtores do grão no Ceará.

Na primeira quinzena deste mês, o preço de venda do quilo do cereal para os agricultores passou de R$ 1,40 para R$ 2. O cenário se mostra favorável aos produtores.

“Vamos ter um aumento de 5% das áreas de cultivo de arroz irrigado a partir deste mês e só não será maior porque já está um pouco tarde e os poços estão com pouca água”, observou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva.  

Os agricultores de base familiar e os médios e grandes produtores estão de olho na safra de sequeiro de 2021. Se o quadro favorável se mantiver, a área de cultivo de arroz irrigado no segundo semestre do próximo ano deve dobrar em relação ao período atual, saindo de 1.500 hectares para três mil hectares. 

Perspectiva

Ampliar a produção de arroz não depende apenas da majoração do preço, mas de boas chuvas que garantam recargar aos reservatórios. “Se o Açude Orós chegar a 70% no próximo ano, teremos uma área de mais de três mil hectares só no entorno do reservatório”, prevê o secretário de Agricultura de Iguatu, Venâncio Vieira.

“A manutenção do quadro atual é muito favorável ao setor”.

O produtor Wilton Bezerra se manteve na atividade mesmo enfrentando dificuldades advindas do elevado custo de produção. “A primeira safra, de sequeiro, que colhi em julho, não peguei esse aumento de preço”, contou. “Vendi a saca de 60 quilos, em casa, por R$ 84, mas hoje está por R$ 120”. Na próxima safra, no entanto, o produtor já se beneficiará. 

Legenda: Produtores dizem ser diretamente beneficiados com a alta do preço do arroz
Foto: Honório Barbosa

Bezerra tem área de plantio em várzeas do rio Jaguaribe na localidade de Fomento, em Iguatu, e no município de Russas, totalizando 90 hectares. No início de outubro, deve colher 10 hectares. A produção estimada é de 65 mil quilos. Em dezembro, está prevista outra safra em uma área de oito hectares. “Para essas duas colheitas, já vou pegar um preço melhor”, comentou.

“Tomara que para o próximo ano, o preço se mantenha, favorecendo nós produtores que tivemos tantos anos difíceis com a estiagem”.
  

Quem insistiu e plantou arroz irrigado nas várzeas do rio Jaguaribe se beneficiou. “Melhorou muito e estamos mais animados, mas esse preço tem de se manter até dezembro quando a gente vai colher os grãos na roça”, disse o produtor Marcos Araújo.

Comercialização

Na feira livre de Iguatu, o arroz desapareceu desde a semana passada. “Está difícil, não temos ainda safra da região e o preço foi lá pra cima”, disse o feirante Paulo Juvêncio. “Por enquanto só temos feijão e farinha”.

Nos mercantis e mercadinhos, o quilo do arroz varia entre R$ 4,60 e R$ 5,10. O pacote de cinco quilos é vendido por R$ 23,99, o de melhor qualidade. “No começo do mês comprava cinco quilos por 16 reais”, reclamou o vendedor lojista, José Pereira. “E não é só o arroz, outros produtos também estão subindo”.    

As indústrias locais de beneficiamento de arroz também alegam dificuldades para compra do produto que tem origem em Tocantins. “Em agosto, a saca de 60 quilos custava R$ 107, mas hoje foi para R$ 135 e já falam em R$ 150”,  lamenta Edvan Paulino, gerente de uma unidade de beneficiamento do grão.

“Por enquanto, não compramos e nossos estoques estão no limite, suficientes para um mês”.

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