Aglomeração de devotos é registrada na missa de morte do Padre Cícero
Tradicional romaria está proibida de acontecer presencialmente, mesmo assim, dezenas de visitantes estão em Juazeiro do Norte.
Mesmo diante de restrições impostas pelo decreto municipal, a missa em memória dos 87 anos da morte do Padre Cícero, na manhã desta terça-feira (20), foi marcada por uma grande aglomeração de devotos do lado de fora da Capela do Perpétuo Socorro, onde o sacerdote está enterrado. Mesmo com a proibição da entrada de caminhões e ônibus de romeiros, os visitantes também acompanharam a celebração.
Em decreto municipal, publicado na última quarta-feira (14), para conter o avanço da pandemia da Covid-19, além da proibição da entrada de ônibus e caminhões com romeiros, foram reduzidas a capacidade de acolhimento dos templos, passando de 50% para 30%. Mesmo assim, não foi suficiente.
Antes mesmo da missa, marcada para às 6h, um grande número de pessoas já estava do lado de fora do templo religioso aguardando. Na porta, havia um bloqueio com cones e fitas para evitar o ingresso dos devotos. Lá dentro, apenas os padres puderam acompanhar a missa. Do lado de fora, os auto-falantes foram suficientes para atrair a multidão.
Um grupo de romeiros do estado de Sergipe, mesmo com o decreto, viajou até Juazeiro do Norte para estar perto do “padrinho”. A aposentada Maria Lídia Soares não suportou a saudade que estava da terra que considera “santa”.
“Há muitos anos venho e praticamente dois não vinha. Só de estar aqui, estamos realizados”, comentou.
Segundo ela, seu grupo desembarcou na cidade na sexta-feira (16), um dia antes do decreto entrar em vigor. “Como já estava aqui, resolvemos ficar”, conta.
No trajeto, os sergipanos visitam todas as igrejas e o Horto, que está com acesso fechado até hoje. Os romeiros devem retornar no fim da tarde e prometem voltar em setembro, trazendo os familiares que não podem vir à Romaria de Nossa Senhora das Dores.
Medidas
De acordo com o decreto, entre os dias 17 e 20, que além das igrejas, bares, restaurantes e os chamados “ranchos” — pousadas populares que recebem os fiéis — só poderiam funcionar com 30% da capacidade. O acesso à colina do Horto, onde está erguida a estátua do Padre Cícero, também foi suspenso, assim como os funcionamentos da Fundação Memorial Padre Cícero e dos Museus.
A medida também proibiu a fixação de bancas, barracas, entre outros instrumentos de comércio, sejam de pessoas da própria cidade ou de forasteiros. Apenas camelôs de Juazeiro do Norte com pontos já instalados puderam trabalhar neste período.
Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos de Juazeiro do Norte (Semasp) admite que parte dos romeiros “inevitavelmente se deslocam até a cidade, gerando em alguns casos pequenos aglomerados de pessoas”. Diante disso, informou que está mantendo fiscais nos principais pontos de concentração, como a Capela do Socorro, a Basílica de Nossa Senhora das Dores, Centro de Apoio aos Romeiros e mercados públicos.
“Os agentes estão nos locais citados desde cedo e comandam seguidamente processos de orientação quanto às medidas de segurança sanitária, buscando dispersar aglomerações” completou em nota. Mesmo assim, a Semasp admite que o número de agentes é “menor do que gostaríamos”, sem especificar o motivo.
Paralelo a isso, estão sendo mantidas rondas noturnas atuante coordenadas pela Autarquia Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte (Amaju). “O objetivo da pasta é agir para que cenas como as que foram notadas mais cedo não se repitam”, finalizou.
Reitor da Basílica de Nossa Senhora das Dores, o padre Cícero José da Silva reforçou o pedido para que os romeiros permaneçam em casa acompanhando a programação em formato virtual, disponibilizado pela paróquia. “Permaneçam rezando em sintonia conosco e pedindo a Deus para que a vacinação seja agilizada. Com mais pessoas imunizadas, poderemos retomar as romarias presenciais”, completou.