16 meses após deslizamento da Encosta do Seminário, em Crato, moradores ainda não foram indenizados

Após uma forte chuva no Cariri, o local cedeu e causou a interdição de pelo menos 30 imóveis

Escrito por Antonio Rodrigues e Toni Sousa , regiao@svm.com.br
Legenda: Trinta famílias perderam suas casas com o deslizamento de terra
Foto: Toni Sousa

No dia 4 de abril de 2019, uma chuva de 130 milímetros, em Crato, fez parte da Encosta do Seminário desabar, deixando 30 famílias desabrigadas. O incidente se deu em menos de quatro anos após o governador Camilo Santana (PT) inaugurar a obra de recuperação ambiental e urbanização do bairro Seminário, que custou R$ 20 milhões. Mais de um ano se passou e alguns moradores reclamam que ainda não foram indenizados pelo Estado.  

“Quero minha casa" cobra a artesã Djacir Pires. Ela foi uma das que perdeu o imóvel com o deslizamento. Por sorte, no momento da tragédia, ela não estava em casa, pois, acompanhava seu marido internado no hospital.  

"Se eu tivesse lá, tinha morrido”, considera. 

Sua vizinha, a dona de casa Maria Jocélia Cipriano de Oliveira é outra que também segue sem nenhum reparo do governo. “Há mais de um ano na expectativa de receber. Fui até a Prefeitura e o prefeito diz que é competência do Estado. A gente quer saber por que o Governo do Estado ainda não nos ressarciu?”, cobra.  

Ela ainda reclama do valor pago pela indenização, que, na sua avaliação, é insuficiente para comprar um novo imóvel. “É uma mixaria. Sabe quando botou na minha casa? R$ 45 mil. É dinheiro para comprar uma casa? Vou ter que botar do meu bolso não sei de onde”, desabafa.  

Os moradores também criticam o valor pago pelo aluguel social, de R$ 400. Ainda segundo Jocélia, o montante é insuficiente para pagar o seu atual imóvel. “Estou tirando todo mês R$ 150 da boca da criança para completar o aluguel", reclama.

A coordenadora da Defesa Civil de Crato, Josemeire Melo, explica que os moradores que não tinham casa própria receberam a assistência por três meses, até encontrar uma moradia. Após iniciadas as obras de reconstrução, outras famílias tiveram que ser retiradas. “A gente faz os laudos, constata que a família não pode morar porque a qualquer momento pode cair a estrutura, mas o pagamento é com o Estado”, pontua.   

A equipe de reportagem do Sistema Verdes Mares tentou contato com a Procuradoria Geral do Estado, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno. 

Recuperação

No fim do ano passado foram iniciadas as obras de recuperação da Encosta do Seminário, com investimento de R$ 3,17 milhões. A previsão era que fosse entregue em até seis meses, o que não aconteceu. 

A Superintendência de Obras Públicas (SOP) explicou que "o ritmo das obras, iniciadas em novembro de 2019, foi afetado por dois fatores: a quadra chuvosa, pois chuvas intensas comprometem a segurança para desempenhar algumas atividades externas, e a pandemia da Covid-19, que demandou redução das equipes".

O órgão acrescentou que a retomada dos trabalhos está ocorrendo gradualmente, mas não deu novo prazo para conclusão. Ainda segundo a SOP, a obra está com 70% de execução. 

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