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PGR pede fim da investigação contra empresários que defenderam golpe em grupo do WhatsApp

Ministério Público Federal quer anular medidas autorizadas por Alexandre de Moraes contra empresários que pregaram ruptura democrática em mensagens

Escrito por Redação ,
PGR
Legenda: MPF pede anulação de medidas cautelares contra empresários por conversas em grupo de WhatsApp
Foto: José Cruz / Agência Brasil

A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, recorreu, nesta sexta-feira (9), da decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou medidas cautelares para apurar a participação de empresários na incitação de atos antidemocráticos

A PGR pediu o encerramento da investigação e a anulação dos procedimentos realizados, os quais classificou como desproporcionais. Entre eles, está o bloqueio de contas em redes sociais, quebra de sigilos bancário e telemático, além de ordens de busca e apreensão. 

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A vice-PGR pede que o caso seja analisado pelo Colegiado do Supremo Tribunal Federal (STF). No recurso apresentado, o Ministério Público Federal (MPF) ainda aponta diversas irregularidades na condução da investigação. 

O órgão afirma que a determinação de Alexandre de Moraes violou o sistema processual acusatório, além de apontar ausência do ministro relator para analisar o caso. Também aponta ausência de requisitos previstos em lei que autorizam as medidas, carência de justa causa e atipicidade das condutas narradas, constrangimento ilegal, assim como a ilicitude das provas coletadas e das delas derivadas. 

"Diante da prévia demonstração das inconstitucionalidades e ilegalidades que sobressaem desta investigação, com a nulidade absoluta de todos os atos judiciais e investigativos já materializados, bem como da manifesta atipicidade das condutas investigadas e de ausência de substrato indiciário mínimo, a evidenciar flagrante constrangimento ilegal, urge seja adotada a excepcional via do trancamento desta petição por meio de concessão de ordem de ofício pelo órgão colegiado do Supremo Tribunal Federal", afirma o documento. 

Ainda conforme a PGR, os elementos da operação foram embasados apenas em notícia da imprensa, e argumenta que os fatos não têm conexão com o inquérito que apura a atuação de uma milícia digital contra a democracia e as instituições. 

A operação

Autorizados por Moraes a pedido da Polícia Federal (PF), os mandados de busca e apreensão contra os empresários foram cumpridos no último dia 23 de agosto nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará

Na decisão que autorizou as buscas, Moraes disse não haver dúvidas da possibilidade de "atentados contra a democracia e o Estado de Direito" no diálogo entre os empresários, que integram o grupo "Empresários & Política" no WhatsApp.

Antes disso, advogados e entidades já haviam solicitado que os empresários fossem investigados no âmbito do inquérito das milícias digitais. Isso porque, segundo o portal Metrópoles, empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a defender um golpe de Estado caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições deste ano. 

Os alvos da operação foram Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, do grupo Multiplan; José Koury, dono do Shopping Barra World; Luciano Hang, da Rede Havan; Luiz André Tissot, da Indústria Sierra; Marco Aurélio Raymundo, da Rede Mormaii; e Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.

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