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No Ceará, Doria minimiza falta de apoio de Tasso e alfineta Lula e Bolsonaro: "sejam honestos"

Na corrida das prévias tucanas, o governador de São Paulo visitou o Ceará em busca de apoio de correligionários

Escrito por William Santos e Wagner Mendes ,
Legenda: Doria é um dos pré-candidatos do PSDB à candidatura presidencial em 2022
Foto: Thiago Gadelha

Em visita a Fortaleza durante a campanha pela indicação do PSDB à Presidência da República, o governador de São Paulo, João Doria, reafirmou a estratégia de tentar se consolidar como terceira via e minimizou a falta de apoio do principal líder tucano no Ceará, o senador Tasso Jereissati, e da executiva estadual da legenda.

Ele sustentou que pretende oferecer pelo partido “a melhor via para o Brasil” e frisou que, se for escolhido como candidato, entrará nos debates para “defender o legado de Fernando Henrique Cardoso” e “olhar nos olhos de Lula e Bolsonaro e dizer: sejam honestos”. 

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A agenda de Doria na Capital incluiu uma entrevista coletiva e um jantar oferecido a filiados ao PSDB no Hotel Marina Park. Compareceram ao evento reservado o deputado federal Danilo Forte, os deputados estaduais Nelinho e Fernanda Pessoa, o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, e o ex-governador Lúcio Alcântara.

O coordenador de campanha de prévias, Wilson Pedroso, também esteve presente. Sem a presença da cúpula local, o paulista disse respeitar o posicionamento divergente de Tasso nas prévias, mas lembrou disputas internas anteriores para sinalizar que está no páreo. 

Ainda no início do evento, apesar da ausência do senador, Doria fez questão de afirmar que conversou com o líder cearense na quinta-feira (4) e disse que o parlamentar foi “muito gentil” ao frisar que ele é bem-vindo no Estado. 

"Respeito a posição manifestada pelo senador Tasso, mas respeito também a manifestação dos parlamentares que aqui estão e que se manifestam diferente. Você está vendo aqui deputados ao nosso lado, isso é democracia. Eles votarão nas prévias do PSDB. Isso é democracia, que haja contraditório. O PSDB é um partido sem dono, por isso eu respeito o PSDB", declarou. 

Legenda: Doria recebeu apoio de parlamentares tucanos no Ceará
Foto: Thiago Gadelha

Durante pronunciamento, o governador paulista pontuou, ainda, que se colocar para as prévias não é “um objetivo pessoal, mas partidário”. Relembrou também que, nas disputas internas de 2016, quando concorreu à Prefeitura de São Paulo, e de 2018, quando foi eleito para o Governo do Estado, não era tido como favorito à indicação do partido, mas venceu. 

“Das duas campanhas que eu participei, nós chegamos à vitória trabalhando, dialogando, conversando com aqueles que representam o eleitorado. Na primeira pesquisa, em 2016, eu tinha 1% das intenções de votos a oito meses do pleito, e chegamos a 53%. Na outra eleição (para governador em 2018) eu não comecei como favorito e nos elegemos em São Paulo”, disse. 

Ao tratar da plataforma que tem apresentado durante a campanha de prévias, Doria enumerou cinco pontos prioritários para a candidatura que pretende construir: Educação, Saúde, Emprego, Proteção Social e Segurança Pública.  

Segundo ele, em eventual disputa pelo Palácio do Planalto, fará parte da estratégia destacar o que foi feito em São Paulo e demonstrar capacidade de ampliação de políticas públicas, como a construção de escolas de tempo integral, em âmbito nacional. 

Críticas 

Doria aproveitou o evento para fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele lamentou o fato de integrantes do partido na Câmara dos Deputados terem votado a favor da PEC dos Precatórios — assunto polêmico em Brasília. 

"No meu próprio partido, tivemos voto a favor desta PEC e eu não considero esta PEC com legitimidade ainda que para formar o Auxílio Brasil. Não vejo legitimidade você romper o teto de gastos. Eu vejo uma ilegitimidade, uma irresponsabilidade fiscal cujo preço mais adiante será pago pelos mais pobres, pelos mais humildes", reforçou.  

Para o governador, a PEC tenta "institucionalizar" a "irresponsabilidade fiscal" em âmbito federal. "A irresponsabilidade fiscal com o único objetivo que não é atender os mais pobres, é atender os interesses eleitorais de Jair Bolsonaro". 

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