Lula defende moeda comum e união acima de ideologias durante cúpula da América do Sul
O mandatário recebe os presidentes de dez países da região para tratar do futuro das nações sul-americanas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, nesta terça-feira (30), a criação de uma moeda comum para o comércio entre os países da América do Sul, visando reduzir a dependência do dólar. O petista e outros 10 líderes da região participam do encontro, que acontece no Palácio Itamaraty, em Brasília.
No evento, o representante brasileiro reforçou que as nações locais devem se unir, independente das divergências ideológicas. Este fator é um dos principais desafios para a cooperação no subcontinente, pois, enquanto governantes de esquerda defendem a reativação da Nações Sul-Americanas (Unasul), figuras mais à direita resistem ao plano.
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No discurso de abertura na cúpula, Lula garantiu que a integração será feita com respeito às diferenças e assumiu ser necessário avaliar o que não funcionou no bloco.
"Enquanto estivermos desunidos, não faremos da América do Sul um continente desenvolvido em todo o seu potencial", declarou o petista. Na ocasião, ele também voltou a propor a crianção de uma "unidade de referência comum para o comércio", para tentar combater a dependência do dólar na América do Sul.
O encontro dos 11 líderes do subcontinente é uma iniciativa do próprio Lula, que propôs que o grupo apresente, daqui a 120 dias, um "mapa do caminho da integração" da região.
Clima, vacinação e energia venezuelana
Ainda no encontro, o petista propôs ações coordenadas para enfrentamento da mudança do climática, bem como a ampliação da cobertura vacinal na América do Sul.
"Sugiro retomar a cooperação na área de defesa com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria militar, de doutrina e políticas de defesa", disse.
O líder do Brasil também se comprometeu com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a retomar a compra de energia do país vizinho, além de reconhecer os efeitos da guerra da Ucrânia sobre o mercado elétrico e alimentar, fator que, para ele, deve motivar ainda mais a cooperação regional.
Possuímos o maior e mais variado potencial energético do mundo, se levarmos em conta as reservas de petróleo e gás, hidroeletricidade, biocombustíveis, energia nuclear, eólica e solar e o hidrogênio verde", acrescentou.
Além de Lula, participam do evento ainda os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela).
Somente a atual chefe do Peru, Dina Boluarte, não compareceu, por estar legalmente impossibilitada de deixar a nação. Ela foi representada pelo presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola.