Influências Partidárias: qual histórico do Novo no Ceará, presidido por Afonso Rocha
A reportagem integra a série "Influências Partidárias", na qual o Diário do Nordeste traça o histórico dos partidos às vésperas das eleições de 2024
Um dos partidos políticos brasileiros mais jovens, o Novo deve fazer sua estreia nas disputas pelo comando da Prefeitura de Fortaleza neste ano. A legenda, comandada no Estado pelo presidente Afonso Rocha, promete apostar na candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao mesmo tempo em que planeja ampliar suas bases nas câmaras municipais.
Fundado em 12 de fevereiro de 2011 por um grupo de 181 pessoas, a sigla tem em sua origem a crítica ao Estado. Os integrantes do Novo defendem a maior liberdade do indivíduo, a redução das áreas de atuação do Estado, a diminuição da carga tributária e a melhoria na qualidade dos serviços essenciais, como saúde, segurança e educação.
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Atualmente, um dos nomes da sigla de maior peso nacional é justamente Girão, eleito em 2018 pelo Pros, mas filiado ao Novo no ano passado após temporada no Podemos. A nova sigla do senador cearense não tem representação na Câmara Municipal de Fortaleza nem na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), mas essa é uma das metas estabelecidas pela cúpula do partido para os pleitos deste ano e de 2026.
Para tratar sobre a situação do Novo no Ceará e também sobre as estratégias da sigla para as eleições deste ano, o presidente da legenda, Afonso Rocha, é o convidado desta quinta-feira (18), da Live PontoPoder.
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Ele irá conversar com os editores de Política do Sistema Verdes Mares, Jéssica Welma e Wagner Mendes.
A entrevista integra o projeto "Influências Partidárias", que esmiúça como os partidos cearenses estão se preparando para o processo eleitoral de 2024. Nesta reportagem, que também faz parte da série, o Diário do Nordeste conta a história do Novo no Estado.
Metas eleitorais
Em 25 de novembro do ano passado, durante evento na Capital com a presença de lideranças nacionais do partido, o senador Eduardo Girão foi lançado como pré-candidato a prefeito de Fortaleza. Foi o primeiro passo de um plano do Novo para expandir sua força no Estado.
Conforme Afonso Rocha, a legenda já tem pelo menos 10 pré-candidaturas de vereadores competitivas para este ano. Já nas eleições majoritárias, a preço de hoje, além de Girão, o Novo deve montar chapa em Russas.
“Temos um processo particular de seleção e captação de candidatos, o que acaba sendo uma porta estreita. Acho que temos que fazer essas exigências mesmo, é um filtro ideológico com o objetivo de buscar pessoas que acreditem no que o Novo acredita”, reforçou.
Em outubro do ano passado, ao ser empossado presidente do Novo em Fortaleza, o ex-candidato ao Governo do Ceará, o general Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, havia comentado sobre esses planos.
“O Novo tem sérias expectativas de vir com chapa completa para vereador e estamos pensando na majoritária com chapa pura ou coligação para que, em 2024, o Novo seja conhecido em Fortaleza e no Ceará”
Segundo Afonso Rocha, todas essas articulações têm um objetivo maior: eleger deputados federais em 2026. A cadeira na Câmara dos Deputados é fundamental para os partidos políticos, já que é com base na representatividade na Casa que a Justiça Eleitoral calcula o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, por exemplo.
Origem
No Ceará, o Novo surgiu trilhando os mesmos passos do partido nacionalmente. Profissionais de diversas áreas que nunca haviam disputado pleitos resolveram se unir e criar a agremiação.
“Foi mais ou menos na mesma época aqui, de uma forma muito parecida, com empresários e pessoas comuns que queriam uma mudança na política, não se conformaram com as opções que tinham e resolveram sair da bolha, do sofá, e construir um partido com uma proposta diferente”, resumiu Afonso Rocha.
“Em 2016, tivemos o nosso primeiro ano em que houve uma movimentação de forma mais ativa”, acrescentou. Já em 2020, a sigla registrou sua maior chapa, com 10 vereadores lançados como candidatos para o Legislativo Municipal.
O grupo de postulantes conseguiu acumular 12,7 mil votos, quantidade insuficiente para garantir ao menos uma vaga na Casa. Ao lado do Unidade Popular pelo Socialismo, sigla de esquerda registrada em dezembro de 2019, o Novo não conseguiu eleger nenhum mandatário no Ceará naquele ano.
Ainda no Estado, um marco na sigla foi a adesão do senador Eduardo Girão aos quadros do partido em 8 de fevereiro de 2023. O parlamentar tornou-se o primeiro — e até agora único — integrante do Novo no Senado.
“O Girão é uma figura que sempre teve muito a cara do Novo, quando você vê e conhece a fundo o que ele faz no mandato dele, você vê que ele sempre foi a cara do Novo (...) Sempre tivemos conversas com ele, porque ele ajuda muito o Ceará e também a nível Nordeste, tanto que é o primeiro mandatário do Norte-Nordeste e tem ajudado muito na construção do partido, nas filiações e no trabalho para trazer lideranças”
Disputas nacionais
Além de Girão, outros integrantes do Novo têm uma atuação nacional na sigla. Em 2018, em chapa liderada pelo banqueiro João Amoêdo, o Novo disputou pela primeira vez a presidência da República. À época, ele obteve quase 3% dos votos, ficando em quinto lugar no pleito.
No segundo turno, o Novo declarou independência na disputa entre os então candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Fernando Haddad (PT), mas enfatizou críticas ao PT. Já sob a gestão bolsonarista, os parlamentares da sigla anunciaram postura de independência, mas frequentemente votaram alinhados ao Governo.
A sigla chegou a expulsar um de seus filiados, Ricardo Salles, depois que ele foi nomeado como ministro do Meio Ambiente do Governo Bolsonaro, em maio de 2020.
Já em 2022, Amoêdo voltou a ser cotado como candidato, mas o nome que representou o Novo no pleito foi o do cientista político Luiz Felipe d’Avila. O postulante obteve apenas 0,47% dos votos, ficando em sexto lugar na disputa. Amoêdo acabou deixando o partido semanas depois.
“Nosso maior diferencial é tentar fazer uma política sem ser pela troca de favores, sem prometer mundos e fundos e, principalmente, fazendo entregas (...) Nosso objetivo é tornar o indivíduo mais livre e buscar um Estado mínimo, onde o governo só se preocupe com o básico: saúde, segurança e educação”, concluiu o presidente do Novo Ceará.