Legislativo Judiciário Executivo

Grazielle Albuquerque: 'Não tem mais cálculo de governabilidade hoje sem contar com o Supremo junto'

Especialista explica como a indicação do ministro da Justiça reflete o momento vivido pelo STF e pelo Executivo

Escrito por Bruno Leite , bruno.leite@svm.com.br
Grazi Albuquerque
Foto: Reprodução / YouTube

A cientista política e jornalista Grazielle Albuquerque detalhou, nessa quinta-feira (7), em entrevista para a live do PontoPoder, as implicações políticas da indicação do atual ministro de Justiça, Flávio Dino, ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para ela, apesar das críticas, o indicado é uma metáfora do papel ocupado hoje pela Corte.

Ao que falou, a ligação entre o ex-governador do Maranhão e o tribunal pode ser explicada por dois pontos: o impacto positivo da sua possível entrada no quadro de magistrados para o Governo Lula e o dilema vivido pelo STF atualmente. 

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"(...) Ela (a indicação) ratifica uma questão: não tem mais cálculo de governabilidade hoje sem contar com o Supremo. Não dá, é um dado da realidade", levantou Albuquerque. 

Em seguida continuou: "A outra questão é que eu acho que o Dino, ele é um pouco uma metáfora de um dilema do Supremo. Não dá mais para achar que o Supremo não é político. Ele é um poder político". 

Segundo argumentou a pesquisadora, o âmbito jurídico é uma dimensão que integra a política. E tal constatação, portanto, refutaria a ideia corrente de que existe uma certa "judicialização da política".

"O que estou dizendo é que o Dino se insere nessa metáfora porque ele é político, mesmo sendo oriundo da magistratura, é senador da República, foi governador, ministro... ou seja, é inegável a trajetória política", acrescentou.

O esforço de Dino agora, destacou Grazielle Albuquerque, será o de conformar a sua história na política institucional num novo escopo. "O problema do Supremo ou as questões que envolvem o Supremo são maiores que o Dino, mas ele é uma metáfora do próprio Supremo", completou.

Ela considerou ainda que o poder político do Supremo, entretanto, não deve se confundir com o exercido pelo Executivo e pelo Legislativo, sob pena de perder a sua principal característica, a de ser contramajoritário.

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