Legislativo Judiciário Executivo

Deputado Daniel Silveira acata ordem do STF e sai da PF com tornozeleira eletrônica

Decisão do parlamentar foi tomada após imposição de multa diária de R$ 15 mil pelo descumprimento das medidas

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo ,
Legenda: Deputado Daniel Silveira participa da cerimônia de posse de novos ministros no Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 31 de março
Foto: EVARISTO SA / AFP

Após dois dias se recusando a colocar tornozeleira eletrônica, o deputado Daniel Silveira (União Brasil-RJ) aceitou o uso do equipamento, nesta quinta-feira (31), na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília.

Na quarta-feira (30), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a determinar o bloqueio das contas bancárias do parlamentar. Além disso, impôs o pagamento de uma multa diária de R$ 15 mil pelo descumprimento das medidas cautelares fixadas.

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No mesmo dia, o deputado Silveira passou a madrugada em seu gabinete na Câmara, na expectativa de que a PF não o buscaria para cumprir a ordem de Moraes. 

Ao afirmar que passaria a noite na Câmara, Silveira disse querer saber até onde iria a "petulância" do ministro. Na noite de ontem, o deputado disse que iria acatar a ordem do ministro do Supremo por conta da possibilidade de "sequestro de bens".

Porém, na manhã desta quinta, ele participou da cerimônia do Palácio do Planalto, que oficializou a saída de 11 ministros do governo de Jair Bolsonaro.

Multa ao deputado

Na decisão que impôs a multa ao deputado, Moraes declarou que a Câmara foi usada como "covil de réus foragidos da Justiça" e criticou o refúgio de Silveira no próprio gabinete. Para ele, a situação ofendeu "a própria dignidade do Parlamento".

Antes de receber a nova ordem, o parlamentar ofendeu o magistrado, chamando Moraes de "medíocre" e petulante.

"Não só estranha e esdrúxula situação, mas também de duvidosa inteligência a opção do réu, pois o mesmo terminou por cercear sua liberdade aos limites arquitetônicos da Câmara dos Deputados, situação muito mais drástica do que àquela prevista em decisão judicial".
Alexandre de Moraes
Supremo Tribunal Federal (STF)

A disputa entre o deputado e o ministro afetou a relação institucional entre o Congresso e o Supremo. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), também emitiu uma nota com dizeres de que o plenário da Casa Legislativa é inviolável e os demais ministros deveriam rever no plenário a decisão de Moraes.

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Ação penal 

Silveira foi preso em fevereiro do ano passado após divulgar um vídeo com ameaças a integrantes do STF, assim como publicações exaltando o Ato Institucional nº (AI-5) da Ditadura Militar.

O deputado teve a soltura decretada somente em novembro desde que respeitasse uma série de medidas cautelares, como a proibição de acesso a redes sociais e de contato com outros investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais.

Na semana passada, porém, ele voltou a atacar o Supremo. Assim, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou a Moraes que o deputado havia descumprido diversas medidas cautelares, o que levou ao impasse em torno da tornozeleira.

O presidente do Supremo, Luiz Fux, pautou a ação penal de Silveira para ser julgada no dia 20 de abril, data em que o parlamentar poderá acumular punições ainda mais rígidas ou ser absolvido.

 

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