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Bolsonaro comparece à Polícia Federal para depor no inquérito das joias

PF apura se presidente cometeu crime ao ficar com joias entregues pelo governo saudita

Escrito por Redação ,
Imagem mostra o presidente Jair Bolsonaro
Legenda: Jair Bolsonaro presta depoimento à Polícia Federal no caso das joias
Foto: Evaristo Sá/AFP

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília, nesta quarta-feira (5), sobre os conjuntos de joias recebidos pelo governo da Arábia Saudita. O político chegou ao local por volta de 14h20 à PF. A polícia reforçou a segurança em torno do prédio com a chegada do ex-presidente. 

O inquérito apura as circunstâncias da chegada de três conjuntos de joias avaliados em mais de R$ 16,5 milhões ao Brasil, que foram repassados ao então chefe do Planalto a título de presentes de Estado pelo regime Saudita. 

O presidente pode ser investigado pelo crime de peculato, que ocorre quando um funcionário público se apropria de dinheiro ou bens dos quais tem posse em razão do seu cargo.

Em depoimento de mais de 3h, o ex-presidente disse que ficou sabendo da existência das joias em dezembro de 2022, mais de um ano após elas terem chegado, segundo o g1.

Bolsonaro foi intimado a depor na última quarta-feira (29), um dia antes de voltar ao Brasil. O presidente viajou aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022 e permaneceu no país por três meses.

Segundo a colunista Andreia Sadi, do g1, também devem depor simultaneamente nesta quarta-feira (5) oito pessoas, entre elas o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens na Presidência. 

Por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), objetos de valor, como joias, pertencem ao acervo público da Presidência da República.

Joias 

Em outubro de 2021, um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou entrar no país com o conjunto de joias valiosas na mochila. Ele fazia parte da comitiva do Oriente Médio para representar o governo brasileiro na reunião de cúpula "Iniciativa Verde do Oriente Médio".

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Os bens foram apreendidos pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, pois qualquer bem que supere o valor de US$ 1 mil precisa ser declarado ao chegar no Brasil. A retirada formal e correta das joias apreendidas custaria R$ 12,3 milhões à família Bolsonaro.

Ao tomar conhecimento da apreensão, o assessor retornou à área da alfândega e revelou se tratar de um presente para a então primeira dama, Michelle Bolsonaro, mas não conseguiu reaver os itens. 

Com a apreensão, houve quatro tentativas frustradas de Bolsonaro de reaver as pedras preciosas, envolvendo seu próprio gabinete, três ministérios (Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores) e militares. 

Um segundo pacote de joias seria destinado a Bolsonaro e estava na bagagem de um dos integrantes da comitiva, que não foi parado pela Receita. Os itens foram entregues por Bento Albuquerque ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) para compor o acervo pessoal de Bolsonaro em novembro de 2022.

Outro pacote de joias, avaliado em R$ 500 mil, foi entregue nesta terça-feira (4) pela defesa do presidente. 

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