Após polêmica por 'sumiço', Luiz Menezes reaparece em vídeo no dia de cassação na Câmara de Tianguá
Político foi julgado por cometer infração administrativa, ao se ausentar do cargo sem pedir autorização prévia por um período de 15 dias
O prefeito cassado de Tianguá, Luiz Menezes (PSD), voltou a aparecer publicamente nesta quinta-feira (4), quando foi concluído o julgamento que resultou no seu afastamento definitivo pela Câmara Municipal. A aparição aconteceu no perfil do Instagram da sua esposa, Natalia Félix.
Nas imagens, o ex-mandatário surge ao lado da companheira vestindo uma camisa azul e comenta rapidamente sobre o momento vivido por ele. "Viva Jesus e viva o povo de Tianguá! Vamos chegar lá. Vai ser uma tarefa dura, mas vamos romper todos esses obstáculos aí", disse o político.
Veja também
A aparição breve de Menezes foi o último registro de uma série de gravações publicadas pela ex-primeira-dama em seus stories, com um longo pronunciamento rechaçando a sanção aplicada ao seu marido.
"Estou passando aqui para agradecer aos quatro vereadores que ficaram ao lado da lealdade, da gratidão, do reconhecimento de um trabalho incansável do nosso prefeito Dr. Luiz", falou Natalia no primeiro story, se referindo aos parlamentares Zé Bia (PSDB), José Claudohleder (PSD), Jocélio Luiz (PSDB) e Magnólia Aragão (PSD), que votaram contra a medida.
E continuou: "Ele teve sim que se ausentar, teve que ficar internado. Infelizmente, são coisas da vida, que podem acontecer com qualquer um de nós. Infelizmente aconteceu com o Dr. Luiz, um senhor de 78 anos, que não merecia passar pelo que passou hoje. Foi um grande constrangimento a cassação. Não já tinham o prefeito da cidade, comandando juntamente com os vereadores?".
Ao que disse a esposa de Menezes, ele está bem de saúde. Na interpretação dela, o ato do Legislativo foi uma "aberração". "Tenho certeza que o povo de Tianguá não esquece os traidores. Isso eu tenho certeza, porque o Dr. Luiz já foi traído no passado e voltou", declarou logo em seguida.
Desculpas por omissão
Por fim, Natalia pediu desculpas à população do município localizado na Serra da Ibiapaba por ter omitido a informação de que seu marido estava internado em Fortaleza e que se ausentou das atividades à frente da administração municipal sem pedir autorização ao Legislativo por um tempo maior que o permitido pelo prazo legal.
"Gostaria de aproveitar a oportunidade e pedir desculpas para toda a população de Tianguá por eu não ter me pronunciado antes. Espero que vocês entendam. Foram dias, momentos e meses muito difíceis. Noites acordadas... Mas espero, sinceramente, que vocês me entendam, de coração", finalizou.
O processo de cassação
A cassação de Luiz Menezes foi formalizada em uma sessão extraordinária convocada para esta quinta-feira (4). Reunidos, os vereadores chancelaram, por 10 votos a 4, um parecer da comissão processante instituída para acompanhar o caso.
Na prática, o social-democrata já estava afastado da cadeira desde o fim de outubro, por força de uma determinação judicial expedida pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE). Quem ocupava a função durante o período era o vice-prefeito Alex Nunes (sem partido), que agora será o chefe do Executivo até o fim do mandato.
Luiz Menezes foi retirado do comando pela Justiça por ter se ausentado das funções por um período superior a 15 dias sem que houvesse autorização da Casa Legislativa ou cedesse o comando do Paço Municipal ao seu vice-prefeito, fato que infringe a lei. Em razão da ausência, ele ficou conhecido como um dos "prefeitos sumidos do Ceará".
O Ministério Público do Ceará (MP-CE), através da 7ª Promotoria de Justiça de Tianguá, encaminhou documentos comprovando a ausência do então prefeito. O órgão indicou no processo que ele esteve internado em uma unidade hospitalar de Fortaleza, distante cerca de 330 km da cidade, entre setembro e outubro, superando o prazo legal.
Entretanto, no mesmo período em que o prefeito esteve hospitalizado na Capital, documentos da Prefeitura Municipal de Tianguá continham a sua assinatura digital. O fato levantou suspeitas da oposição quanto a quem efetivamente realizou tais atos oficiais.