Médicos cearenses lançam manifestos contra e a favor da gestão do governo federal na pandemia
De um lado, há defesa do SUS e de medidas com respaldo científico; do outro, apoio integral às decisões do presidente
Após um "manifesto dos médicos cearenses em prol do Brasil", favorável à gestão do presidente Jair Bolsonaro na pandemia de Covid-19, um outro grupo da mesma categoria profissional divulgou uma nota com críticas ao Governo Federal e em "defesa da vida, da ciência e do SUS".
Até a manhã desta quarta-feira (17), 344 médicos que atuam em unidades hospitalares do Ceará assinaram o novo manifesto contrário à política desenvolvida pelo Executivo Nacional. Veja aqui o documento.
Conforme o documento, o "Governo Federal boicota, desde o início, as medidas de combate à pandemia", avalia. "Poderíamos até dizer que por incompetência, mas não: é justamente esse o projeto".
O manifesto cita trechos de falas em que o presidente minimiza o potencial ofensivo da Covid-19, a exemplo de "não sou coveiro", quando questionado sobre a quantidade de mortos no País, em abril de 2020. O texto também mencionou o termo "mimimi", usado pelo presidente no último dia 5 de março. Na ocasião, ele pergunta até quando as pessoas irão ficar "chorando" pela pandemia.
Os profissionais reforçam também que não receitarão medicamentos sem comprovação científica para a Covid-19, além de apoiarem as medidas sanitárias adotadas por governadores e prefeitos. "Defendemos as condutas corretas, que salvam vidas, com base na ciência".
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Conduta elogiada
Por outro lado, o "manifesto dos médicos em prol do Brasil" considera que mesmo Bolsonaro "sofrendo perseguições incessantes", ainda "demonstra a todos que a resiliência é uma virtude dos guerreiros e patriotas".
Assinado por 219 médicos, entre eles o vice-reitor da Universidade Federal do Ceará, o cirurgião José Glauco Lobo Filho, o documento tem o intuito de prestar "total apoio à luta, ao sacrifício, à verdade, ao comprometimento, esforço, decência, coragem, dignidade e amor" por parte de Bolsonaro.
O texto julga a orientação de isolamento social como "equivocada e maldosa", mas se mostra favorável ao uso de máscaras, vacinação segura, higiene pessoal e "atendimento precoce" para reduzir casos graves da doença.
"Sabemos que todos temos defeitos. Nosso presidente assim também se enquadra. Mas, por tudo o que vem fazendo em prol de nossa nação, ele é digno de ocupar o cargo pelo qual foi eleito com mais de 57 milhões de votos válidos", argumenta.