Maior bancada da Câmara de Fortaleza, PDT vive clima de turbulências; Entenda

Episódios que vieram a público revelam insatisfações e a necessidade de ajustes entre os aliados do prefeito José Sarto

Escrito por Alessandra Castro ,
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Legenda: Alguns parlamentares do partido têm demonstrado insatisfações
Foto: Helene Santos

Maior bancada da Câmara Municipal de Fortaleza com 10 parlamentares eleitos, o PDT tem passado por momentos de turbulência desde o início da atual Legislatura. No partido do prefeito José Sarto, episódios públicos como as críticas do vereador Adail Júnior ao partido e o fato de a vereadora Enfermeira Ana Paula ter recorrido à Justiça contra uma proposta da Prefeitura refletem as insatisfações manifestadas nos bastidortes.

As insatisfações começam internamente e refletem também na nova gestão da Prefeitura. Alguns, inclusive, já se movimentam de olho na Eleição 2022. Em meio às questões internas, o presidente municipal da legenda, o ex-prefeito Roberto Cláudio, se mudou para São Paulo e está mais distante das articulações.

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Situações incômodas 

Uma das primeiras situações de tensão para o partido e para o Governo Sarto na Casa o projeto com mudanças na previdência. A vereadora Enfermeira Ana Paula (PDT) votou contra primeira proposta de emenda à Lei Orgânica do Município enviada pela Prefeitura, preparando a legislação municipal para receber a reforma da Previdência de Fortaleza.

Aprovada no mesmo dia em que começou a tramitar, a matéria foi alvo de questionamentos na Justiça pela própria parlamentar. 
 

Além disso, ela reclamava da falta de diálogo com a gestão sobre o tema. No dia da votação, inclusive, a vereadora comparou a postura do ex-prefeito Roberto Cláudio com a de Sarto ao negociar matérias com servidores.

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Legenda: Com a articulação de vereadores Júlio Brizzi, Lúcio Bruno e Ana Paula, entre outros, uma emenda coletiva que garante direitos dos servidores municipais, modificando o projeto com mudanças na Previdência, foi aprovado na Casa
Foto: Divulgação
  

Na última semana, o clima de tensão, neste sentido, foi acalmado com uma articulação tocada pelo líder do partido, Júlio Brizzi, com Ana Paula, Lúcio Bruno e o líder do governdo Gardel Rolim. A partir do diálogo, uma nova proposta foi construída e aprovada na Câmara. 

Brizzi, que está incubido da missão de liderar a legenda, minimiza as turbulências e ressalta que no partido há sempre abertura para diálogo e divergências de opinião.

"A vereadora Ana Paula é uma pessoa da área da Saúde, que colocou para a bancada a sua posição. E ela tem um espaço amplo para debater, para colocar seus pontos. E eu acho que é assim que a gente constrói a democracia, e é assim que a gente está fazendo na bancada do PDT", defendeu.

No outro caso, a crítica foi mais forte. Na sessão da última terça (2), o vereador Adail Júnior cobrou o diretório estadual sobre acomodações de suplentes, expondo insatisfações com a legenda.  

"Onde está o PDT do Estado do Ceará? Aonde é que está, que não segue exemplo do Pros? [...] E pasmem, senhores, a política do Estado do Ceará tem um deputado federal com mais de 75 mil votos, que é o Antônio Lopes. Nunca teve o prazer de assumir um dia a cadeira. Eu tirei 36 mil votos (para deputado estadual), e esse PDT do Estado nunca fez uma ligação para mim. [...] Como que esse povo vai querer candidato, pelo amor de Deus?" 

A cobrança de Adail e o elogio ao Pros veio após o vereador Márcio Martins dizer para seu colega de partido e Parlamento, Julierme Sena (Pros), se prepara para "voos maiores". Julierme deve assumir no segundo semestre a suplência na Câmara dos Deputados. A expectativa é que o deputado federal Vaidon Oliveira (Pros) se licencie para dar a vez ao colega. 

Liderança de diálogo 

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Legenda: Júlio Brizzi é o líder do PDT na Câmara Municipal de Fortaleza
Foto: Fabiane de Paula

No primeiro mandato parlamentar, Júlio Brizzi já tem a missão de tentar pacificar a o partido e ajudar a Prefeitura na articulação. 

Questionado sobre o desafio de lidera a bancada, Brizzi destaca que está aberto conversar e ouvir as posições de todos os parlamentares. Para ele, o parlamento é o espaço da divergência e os colegas devem buscar espaços para ampliar a discussão, como é o caso da Previdência.

A reforma no sistema de aposentadorias "é uma necessidade no Brasil inteiro. O déficit previdenciário é absurdo em várias cidades do Brasil, e em Fortaleza não é diferente. Isso é uma coisa que vem há muitos anos, até por conta do próprio modelo. Então, é um debate que tem que ser feito com coragem e tentando, no caso do PDT, diminuir o máximo possível qualquer situação adversa com os servidores", defende.

 

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