CPI da Covid divulga lista de testemunhas que passarão para condição de investigadas

Quatorze autoridades mudarão de classificação, entre elas o ministro da Saúde Marcelo Queiroga e a secretária Mayra Pinheiro

Escrito por Diário do Nordeste e Estadão Conteúdo ,
Marcelo Queiroga, Mayra Pinheiro, Eduardo Pazuello
Legenda: Atuais e ex-membros do Ministério da Saúde estão entre os nomes
Foto: Agência Senado

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), divulgou, nesta sexta-feira (18), a lista com autoridades que passarão da condição de testemunhas para investigados na comissão. Entre os nomes estão o do ministro da Saúde Marcelo Queiroga e o da secretária da pasta Mayra Pinheiro

"Nós tomamos como critério, para a definição da relação dos investigados, o fato de já terem prestado depoimento à comissão parlamentar de inquérito", justificou o parlamentar em entrevista coletiva. 

Na prática, passar da condição de testemunha para investigado permite que o atual ministro e os demais tenham acessos aos documentos da comissão, além de sinalizar que a CPI já levantou provas e indícios para responsabilizar a atuação dessas pessoas na pandemia. Por outro lado, em um possível novo depoimento, um investigado pode optar por não falar no colegiado.

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A CPI recebeu documentos do Itamaraty mostrando que Queiroga se comunicou com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e defendeu em abril o tratamento precoce contra a doença.

Calheiros destacou a reclassificação da condição do ministro Queiroga que, segundo ele, teve uma participação "pífia, ridícula" na CPI. O médico foi ouvido no plenário do Senado Federal em duas ocasiões diferentes: a primeira em maio; e a segunda no início deste mês de junho.

O relator também afirmou que ministro da Saúde levou um "puxão de orelha" da OMS ao ter cobrado agilidade no envio de vacinas ao Brasil após, no ano passado, ter atrasado os pedidos do imunizante e optado por comprar vacinas apenas para 10% da população do Brasil no consórcio Covax Facility, quando era permitida a opção pela compra de imunizantes para atender 20% ou até 50% da população brasileira.

Integrantes do suposto "gabinete paralelo" que assessora o presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia também são alvos da CPI.

Na mesma entrevista, o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informou que a CPI retirou a classificação sigilosa dada a 2.200 documentos recebidos. Segundo ele, imprensa e sociedade terão acesso às informações.

Autoridades investigadas pela CPI

Ao todo, 14 pessoas convocadas pela CPI deixam a situação de testemunha e passarão a ser tratadas como investigadas. São elas: 

  • Arthur Weintraub, ex-assessor internacional da Presidência da República;
  • Carlos Wizard, empresário;
  • Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde;
  • Elcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde;
  • Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores;
  • Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação;
  • Francieli Francinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunização;
  • Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde;
  • Luciano Azevedo, anestesista;
  • Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do Amazonas;
  • Marcelo Queiroga, ministro da Saúde;
  • Mayra Pinheiro, secretário de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde;
  • Nise Yamaguchi, médica oncologista;
  • Paulo Zanoto, virologista;
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