Crise no PDT vira guerra de narrativas regimentais e aumenta o desgaste do partido

Racha na legenda, ao menos em curto prazo, não tem solução e o caminho deve ser mesmo a divisão

Legenda: Desde o ano passado, na fase de pré-campanha eleitoral, o partido está dividido
Foto: Divulgação

A reunião do diretório nacional trabalhista decidiu nesta segunda-feira (3), por decisão da executiva, avocar o debate sobre o partido no Ceará para Brasília. Na prática, as decisões do diretório estadual ficariam sem valor. A decisão representa uma vitória do grupo de Ciro Gomes e André Figueiredo, mas a contenda está longe do fim. 

A disputa interna do PDT virou uma guerra de narrativas e interpretações regimentais que geram como resultado ainda mais desgaste e um horizonte sem resolução. 

O grupo ligado a Cid Gomes, que compareceu em grande número à reunião, contesta a decisão da executiva nacional. Nos bastidores, membros da ala comandada pelo senador reforçam que a convocação do diretório estadual – tomada por maioria dos membros na reunião convocada por Cid na semana passada - está mantida para sexta-feira, dia 7. 

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O presidente estadual do PDT, André Figueiredo, que está também no exercício do comando nacional e falou pela executiva nacional nesta segunda, disse que a tal reunião da semana passada foi “ilegal” e que a convocação do diretório não teria validade. 

"Houve uma convocação ilegal de uma reunião do diretório para destituir a atual executiva. Não existe previsão estatutária que justificasse. A direção nacional avocou para si a gestão do PDT do Ceará neste momento".
André Figueiredo
Presidente nacional do PDT

Do lado oposto, a interpretação é o contrário. Segundo aliados de Cid Gomes, o ato da direção nacional não tem validade por ter levado em conta um artigo equivocado do regimento interno.

"Está mantida a convocação do diretório. (...) Nosso entendimento é que o estatuto do partido, artigo 67, não permite a executiva nacional intervir no diretório estadual".
Cid Gomes
Senador

A guerra de narrativas vai, irremediavelmente, parar na justiça. 

Pacificação mais distante 

O fato é que, como esta coluna já vem defendendo, não há possibilidade, ao menos no horizonte de curto prazo, de entendimento interno no PDT.  

É ilusória a hipótese de pacificação do partido sob o comando de Cid Gomes, André Figueiredo ou qualquer nome que se possa pensar. 

Ao fim do embate judicial, o que parece estar evidente é que o grupo histórico seguirá com o comando e os demais terão um bom argumento para deixar o partido.