Obesidade e fim de ano: separando mitos da realidade

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Paulo Campelo é cirurgião geral e bariátrico e presidente da SBCBM, Capítulo Ceará
Legenda: Paulo Campelo é cirurgião geral e bariátrico e presidente da SBCBM, Capítulo Ceará

O fim de ano chega acompanhado de festas, confraternizações e mesas fartas que, muitas vezes, se tornam o foco das preocupações relacionadas ao peso. É comum ouvir que o período natalino e as celebrações de Ano Novo são responsáveis pelo "ganho de peso inevitável" ou até mesmo pela "causa da obesidade". Embora esse período possa trazer excessos, é fundamental desmistificar a ideia de que alguns dias de indulgência são o único fator por trás de uma condição tão complexa quanto a obesidade. Na realidade, a obesidade é uma doença multifatorial, influenciada por fatores genéticos, metabólicos, psicológicos, ambientais e sociais ao longo de meses e anos.

A tendência de culpar exclusivamente o comportamento alimentar das festas ignora o contexto mais amplo em que a obesidade se desenvolve. Estudos mostram que o aumento médio de peso durante as festas é modesto, geralmente inferior a um quilo para a maioria das pessoas. Esse ganho não é determinante, mas sim parte de um cenário maior que envolve a alimentação ao longo do ano, padrões de sono, níveis de atividade física e condições metabólicas subjacentes.

Como especialista, recomendo que o foco neste período seja o equilíbrio e não a culpa. É possível aproveitar as tradições gastronômicas sem que isso comprometa a saúde a longo prazo, desde que as escolhas alimentares sejam feitas de forma consciente e sem extremismos. Além disso, o fim de ano pode ser uma excelente oportunidade para refletir sobre hábitos de vida, incluindo a prática de atividade física e a qualidade do sono, que desempenham papéis cruciais na regulação do peso corporal.

Por fim, é essencial ampliar o entendimento sobre a obesidade como uma condição de saúde que exige um olhar cuidadoso e integrado. A abordagem deve ser centrada na pessoa e não apenas no peso, considerando os fatores emocionais, culturais e sociais que influenciam as escolhas e o comportamento. Neste fim de ano, ao invés de temer os excessos, proponho que todos aproveitem o momento para reforçar o autocuidado e cultivar práticas sustentáveis de saúde que perdurem para além das celebrações. Afinal, saúde é sobre equilíbrio e bem-estar, e não sobre perfeição ou restrições extremas.

 Paulo Campelo é cirurgião geral e bariátrico e presidente da SBCBM, Capítulo Ceará

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